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Em busca de um sonho
JOVENS ENCARAM DIFÍCIL SELEÇÃO PARA DANÇAR NO BOLSHOI
IURI DE CASTRO TÔRRES
ENVIADO ESPECIAL A JOINVILLE (SC)
Bolhas nos pés, dores em
quase todos os músculos do
corpo e pressão por perfeccionismo na execução de
movimentos complicados.
Não é fácil ser bailarino do
Bolshoi, uma das mais tradicionais escolas de balé do
mundo. Mas esse é o sonho
de muitos jovens brasileiros.
No mês passado, a Escola
do Teatro Bolshoi no Brasil,
em Joinville (SC), abriu as
portas para uma concorrida
seleção de crianças e adolescentes de todo o país para novas vagas em seus cursos.
Ao todo, 530 jovens concorreram a 87 vagas. Maiores
de 12 anos tiveram que enviar
um vídeo para avaliação dos
julgadores antes da seleção
final em Joinville.
Se você assistiu ao filme
"Billy Elliot" (2000), no qual
um garoto tenta entrar na
Real Academia de Dança, na
Inglaterra, já tem ideia de como funciona o processo seletivo: avaliações médica e artística, alegrias e decepções.
Sofia Araldi, 13, Ana Luiza
Santos, 12, Rafaela Gigliotti,
14, e Iaçanã Castro, 14, viajaram do Rio para tentar vaga
em alguma das turmas já
existentes na escola, cujo
curso completo dura oito
anos e começa aos nove.
"Dançamos balé há quase
cinco anos, mas o nível técnico no Bolshoi é melhor", contou Iaçanã. Das três amigas,
apenas uma não foi aprovada na seleção.
Segundo a coordenadora
de seleção da escola, Silvana
Albuquerque, dizer não aos
jovens bailarinos é a parte
mais difícil. No entanto, segundo ela, não adianta dar
falsas expectativas a eles.
SONHOS E SAPATILHAS
Entre as exigências para
ser um dos 237 alunos da escola estão ter saúde perfeita e
um tipo de corpo favorável
(pernas e braços alongados,
e tronco mais curto).
Manuela Kelly da Costa,
15, de Maringá (PR), calçou
as sapatilhas pela primeira
vez aos dez anos. Ela foi uma
das aprovadas e se muda para Joinville em 2011.
"É muito sacrifício, mexe
com toda a estrutura da família", disse. "Mas existe uma
alegria que só sinto quando
estou dançando", confessou.
Esse também é o caso de
Rodrigo Pereira, 18, de Salvador. Ele conquistou uma das
vagas do curso de dança contemporânea, com duração de
três anos. "Não vejo a hora de
começar os treinos."
RECONSTRUÇÃO
O Bolshoi é uma instituição particular sem fins lucrativos. Dependente de patrocínios, a escola dá bolsas de estudo para 98% dos alunos.
Suspeitas de desvio de dinheiro levaram ao afastamento de antigos dirigentes e
à denúncia de sete pessoas
por formação de quadrilha.
Segundo o diretor do Bolshoi, o russo Pavel Kazarian, a
escola teve dificuldades de
conseguir novos patrocínios,
mas a sociedade conseguiu
separar o escândalo da ação
social que diz realizar ali.
O jornalista IURI DE CASTRO TÔRRES
viajou a convite da Escola do Teatro
Bolshoi no Brasil.
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