São Paulo, segunda-feira, 08 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Em busca de um sonho

JOVENS ENCARAM DIFÍCIL SELEÇÃO PARA DANÇAR NO BOLSHOI

IURI DE CASTRO TÔRRES
ENVIADO ESPECIAL A JOINVILLE (SC)

Bolhas nos pés, dores em quase todos os músculos do corpo e pressão por perfeccionismo na execução de movimentos complicados.
Não é fácil ser bailarino do Bolshoi, uma das mais tradicionais escolas de balé do mundo. Mas esse é o sonho de muitos jovens brasileiros.
No mês passado, a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville (SC), abriu as portas para uma concorrida seleção de crianças e adolescentes de todo o país para novas vagas em seus cursos.
Ao todo, 530 jovens concorreram a 87 vagas. Maiores de 12 anos tiveram que enviar um vídeo para avaliação dos julgadores antes da seleção final em Joinville.
Se você assistiu ao filme "Billy Elliot" (2000), no qual um garoto tenta entrar na Real Academia de Dança, na Inglaterra, já tem ideia de como funciona o processo seletivo: avaliações médica e artística, alegrias e decepções.
Sofia Araldi, 13, Ana Luiza Santos, 12, Rafaela Gigliotti, 14, e Iaçanã Castro, 14, viajaram do Rio para tentar vaga em alguma das turmas já existentes na escola, cujo curso completo dura oito anos e começa aos nove.
"Dançamos balé há quase cinco anos, mas o nível técnico no Bolshoi é melhor", contou Iaçanã. Das três amigas, apenas uma não foi aprovada na seleção.
Segundo a coordenadora de seleção da escola, Silvana Albuquerque, dizer não aos jovens bailarinos é a parte mais difícil. No entanto, segundo ela, não adianta dar falsas expectativas a eles.

SONHOS E SAPATILHAS
Entre as exigências para ser um dos 237 alunos da escola estão ter saúde perfeita e um tipo de corpo favorável (pernas e braços alongados, e tronco mais curto).
Manuela Kelly da Costa, 15, de Maringá (PR), calçou as sapatilhas pela primeira vez aos dez anos. Ela foi uma das aprovadas e se muda para Joinville em 2011.
"É muito sacrifício, mexe com toda a estrutura da família", disse. "Mas existe uma alegria que só sinto quando estou dançando", confessou.
Esse também é o caso de Rodrigo Pereira, 18, de Salvador. Ele conquistou uma das vagas do curso de dança contemporânea, com duração de três anos. "Não vejo a hora de começar os treinos."

RECONSTRUÇÃO
O Bolshoi é uma instituição particular sem fins lucrativos. Dependente de patrocínios, a escola dá bolsas de estudo para 98% dos alunos.
Suspeitas de desvio de dinheiro levaram ao afastamento de antigos dirigentes e à denúncia de sete pessoas por formação de quadrilha.
Segundo o diretor do Bolshoi, o russo Pavel Kazarian, a escola teve dificuldades de conseguir novos patrocínios, mas a sociedade conseguiu separar o escândalo da ação social que diz realizar ali.


O jornalista IURI DE CASTRO TÔRRES viajou a convite da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil.


Texto Anterior: Internets - Ronaldo Lemos: Jornalismo não precisa ser chato
Próximo Texto: Na estrada - Mayra Dias Gomes: A conotação pejorativa do Dia das Bruxas
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.