São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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02 NEURÔNIO

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E-mailfobia

TUDO COMEÇA no dia em que você recebe um e-mail e diz para si mesmo: "Vou deixar para abrir amanhã". Pronto, você já traçou seu destino e, sentimos avisar, ele não é dos melhores. Pode ser e-mail de amigo distante, ex-namorado, tia, professor, chefe. Quando você decreta isso, é o começo da neurose. Porque, quando chega o "amanhã", você decide deixar para o dia seguinte. E para o outro. E assim por diante. Não existem motivos para tal atitude, mas é preciso dar alguma explicação para o seu cérebro. E a explicação é das piores: não vou abrir este e-mail porque o conteúdo vai ser avassalador. Uma verdadeira bomba. Algo horrível dem que tenho que fugir.
E o e-mail começa a perseguir você. Se você acorda no meio da noite, pensa nele. "Será que eu deveria abrir, será que estão me avisando que vou ser expulsa da escola ou que o meu ex vai casar?" Ferrou. Você ficará uma semana sem coragem de abrir o tal e-mail. Para clicar em cima dele, terá que respirar fundo e ligar para uma amiga para que ela acompanhe você "nesse momento difícil". É claro, depois de deixar de abrir um e-mail, isso se tornará um hábito, pois sempre existe na caixa postal uma mensagem "que posso ler amanhã". Logo você será mais uma a sofrer de e-mailfobia.
Freud baixa aqui e começamos a tentar estudar nossa doença. Será que a gente tem medo de novidade? Será que é paranóia e por isso a gente acha que um simples e-mail pode acabar com a nossa vida? Ou será culpa? Achamos sempre que estamos devendo alguma coisa e que a qualquer momento seremos pegas.
O mesmo sentimento que nos acomete quando temos um novo pretê ótimo e começamos a pensar que um dia ele vai nos olhar e dizer: "Ah, você é uma farsa!".
Não sabemos ao certo, mas o nosso medo já foi parar no divã dos nossos analistas e também atinge os recados de celular. Sim, começamos a ter pânico das mensagens que nos deixam. Até que um dia descobrimos que temos 15 mensagens novas não ouvidas. Precisaremos acordar um dia com uma coragem imensa para ouvir todos os recados, que, em geral, são de amigos pedindo para a gente retornar, da operadora de celular. E só.
Somos malucas e sabemos disso. Mas, como diz uma música, "são apenas dois neurônios para tanta informação". E, se vocês nos mandaram um e-mail e não obtiveram resposta, saibam que não era nada pessoal. Era medo, pânico, fobia. Será que piramos para sempre?

Momento de histeria

Abre e acaba com essa tensão!


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