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CINEMA
Jack Black rouba todas as cenas em "Escola do Rock"
O professor aloprado do rock'n'roll
GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde o seu surgimento,
o rock'n'roll tirou sua
vitalidade da rebeldia, da
transgressão -coisas
que, a princípio, não se
aprendem na escola. Ou,
pelo menos, que seus pais
não gostariam que você
aprendesse na escola.
Claro que muito da rebeldia do rock foi por
água abaixo a partir do
momento em que se tornou institucionalizada e
virou quase um clichê para vender um mundo de
coisas para os jovens -de
refrigerante a bandas.
Mas a mística da transgressão roqueira é maior
do que o marketing. E é isso que torna tão interessante a comédia "Escola
do Rock", que entra em
cartaz na próxima sexta.
O filme gira em torno da
hilariante figura de Dewey
Finn (Jack Black), um guitarrista de hard rock que é
expulso de seu grupo por
ser um tanto mala.
Já na primeira cena, nós
o vemos extrapolar nos
solos de guitarra e se espatifar no chão na tentativa
de dar um "mosh".
Dewey divide seu apartamento com Ned
Schneebly (Mike White,
que também escreveu o
roteiro), um ex-companheiro de rock'n'roll que
largou a música para se
tornar professor. Pressionado para pagar suas contas, Dewey se passa por
Ned e aceita uma proposta de uma escola particular para substituir uma
professora por uns meses.
Mas o que um roqueiro
que mal conhece as operações fundamentais da
matemática pode ensinar
a uma classe de garotos de
dez anos de uma escola famosa por seu ensino rígido e pela disciplina?
Rock'n'roll.
Só que a tarefa não é tão
simples assim. Afinal, essa
é uma geração mais familiarizada com o pop de
Christina Aguilera do que
com o rock jurássico.
Recorrendo ao único
conhecimento que tem,
Dewey reúne toda a classe
para criar uma banda de
rock. Quem não toca um
instrumento tem de se dividir em outras funções,
como cuidar do figurino,
da segurança, ser "roadie"
e até "groupie".
Na verdade, o que Dewey ensina, além dos
acordes de "Smoke on the
Water", é que rock não
existe sem uma boa dose
de rebeldia.
Dirigido por Richard
Linklater -que tem no
currículo a comédia romântica pretensiosa "Antes do Amanhecer" (1995)
e o longa de animação totalmente filosófico "Walking Life" (2001)-, "Escola do Rock" é tudo menos cabeça.
Tem um humor ligeiro,
recheado de sacadas inteligentes e divertidas. Algumas cenas lembram o
escracho de "Quanto
Mais Idiota Melhor", de
Penelope Spheeris (1992).
Com certeza, o filme
não seria tão engraçado
sem Jack Black, que ficou
conhecido pelo papel de
um dos vendedores de
discos aficionados por
música pop em "Alta Fidelidade", de Stephen
Frears (2000).
Black cria um Dewey totalmente estereotipado,
exagerado, e faz tantas caretas durante o filme que
é quase impossível não se
lembrar das atuações caricaturais de Jim Carrey.
Quem conhece um pouco de rock independente
sabe que Black não teve de
fazer muito esforço para
criar Dewey. À frente da
bizarra Tenacious D, auto-intitulada a "melhor
banda da Terra", Black é
um personagem único do
rock independente norte-americano.
Seja pela interpretação
de Black, seja pela história, que proporciona boas
risadas, seja pela trilha sonora bem roqueira, "Escola do Rock" rende uma
ótima diversão.
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