São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2004

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SEXO & SAÚDE

Distúrbio de ansiedade é comum

"Depois de ejacular, lavar a mão é suficiente para eu não me contaminar? Há perigo de alguém usar o mesmo sabonete que eu e pegar alguma doença? Fico com medo e acabo lavando a mão mil vezes e limpando o sabonete sem parar. Como me masturbo muito, minha vida vira um inferno. Qual o risco real?"

"Tenho 25 anos e recebi há algum tempo um diagnóstico de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). O problema é que os remédios só pioram o quadro. Não tenho dinheiro para terapia. Existe outro tipo de tratamento?"


JAIRO BOUER

Duas perguntas que revelam um distúrbio da ansiedade mais comum do que se imagina: o Transtorno Obsessivo Compulsivo. Nessa condição, a pessoa desenvolve um ritual (compulsão) para tentar aliviar o desconforto provocado por uma idéia que não sai da sua cabeça (obsessão).
A primeira dúvida deixa isso bem claro. O leitor acredita, de forma incorreta, que pode se contaminar com seu esperma (pensamento obsessivo). É provável que, mesmo que o médico explique que ninguém se contamina com o próprio sêmen e que uma gota de esperma em um sabonete não transmite Aids, ele tenha dificuldade em controlar o seu medo de contaminação e o seu desejo de limpeza.
A forma de lidar com a situação assumiu proporções tão exageradas que merece um tratamento. E o melhor tratamento que existe ainda é a combinação de terapia com o uso de antidepressivos. Cada um se adapta melhor a uma determinada combinação, por isso é importante que a opção seja feita em conjunto com o médico.
Algumas pessoas têm um pouco mais de dificuldade em se adaptar ao tratamento. As crises de ansiedade parecem piorar e os efeitos colaterais incomodam. Existe um tempo para acerto da dose adequada. Quando esse equilíbrio é alcançado, a pessoa se acostuma melhor ao medicamento. O tratamento não é mágico e ninguém melhora da noite para o dia. É o tipo de doença em que o paciente tem que se envolver mesmo em sua busca pela melhora.
Para quem não tem condições de pagar pelo tratamento (que realmente não é barato), vale lembrar que muitos postos de saúde têm psiquiatras e que muitas universidades oferecem serviços de qualidade no tratamento dos transtornos de ansiedade.


Jairo Bouer, 38, é médico.
@ - jbouer@uol.com.br


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