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O debate da semana gira em torno da Geração Y, do rock pauleira e dos anos 80, do Woodstock e até da Ford na BA
Geração Y ou J?
"Acho que nós, jovens brasileiros
que temos acesso à leitura, à cultura e ao conhecimento, não deveríamos aceitar ser parte dessa Geração Y, que consome o lixo cultural norte-americano, que nos dita
regras do que assistir, ouvir, comer. Até falamos seu idioma dentro do nosso próprio país.
Aonde isso vai parar, se parar,
hein? Que tal formarmos uma Geração J, de jovens brasileiros que
ouvem Chico, Milton, Caetano,
Gil, que lêem Machado, Rosa,
Drummond e que assistem aos
nossos filmes? Que tal nos darmos
esta chance de não sermos dominados e aculturados?"
Lígia Basílio Donoso, 17 (Ribeirão Preto, SP)
Seriado amigo
"Foi excelente a reportagem sobre
a Geração Y, eu me identifiquei
muito com o assunto, aquilo de
você assistir ao seriado e aos filmes com os atores que você vê todo dia na TV. Eu sou fã do seriado
"Friends" e já assisti a pelo menos
quatro filmes só porque no elenco
estava algum ator da série. Tenho
pôsteres, chaveiros, fotos, fitas
gravadas. As músicas eu adoro.
Não perco um capítulo. Hoje em
dia, as novelas estão ficando chatas, sem moral e senso de ridículo!
Esses seriados teens, como "Dawson's Creek", "Felicity" e "Friends",
realmente ensinam um bocado (já
mudei muito por causa deles). Colocam situações inesperadas, como a de um pai preso, uma mãe
doente, e tratam de temas como
trabalho, faculdade, namoro, abuso sexual, traição, casamento, brigas, amigos, mentiras. A personalidade de cada um dos personagens acaba te cativando, e eles se
tornam seus amigos, ensinam a
viver e a encarar a realidade."
Meissa Queiroz, 14 (São Paulo,
SP)
Código "imexível"
"Estou indignado com o novo
projeto que o governo está propondo para aumentar os pontos
da carteira de motorista. No começo, pensei que os caminhoneiros estivessem certos ao entrar em
greve contra o preço do diesel e
dos pedágios abusivos, mas querer uma revisão na pontuação da
CNH (Carteira Nacional de Habilitação) é um absurdo.
Mais absurdo é o governo aumentar para 30 o número de pontos
permitidos. Por sinal, agora não é
mais só para caminhoneiros.
Abriram a pontuação para todos
os motoristas. Trafegar com lanterna quebrada não será mais levado em conta na pontuação.
Quando o novo Código de Trânsito entrou em vigor, o número de
acidentes diminuiu sensivelmente
em nosso país. Parecia que pelo
menos uma lei iria funcionar,
mas, como sempre, já existe alguém avacalhando tudo. O sistema de pontos é o elemento-chave
no que se refere à punição dos
motoristas. Tenho muito orgulho
do Brasil, mas projetos como esse
me deixam envergonhado. Não
podemos fechar os olhos para as
infrações e permitir que elas aconteçam, mas sim educar as pessoas
para que elas tenham discernimento entre o certo e o errado."
Gustavo Carvalho, 18 (Taubaté,
SP)
Rock anos 80
"Estou escrevendo com o objetivo
principal de rebater as críticas sem
fundamento do leitor Durval Dionísio (ed. de 28/6) às bandas de
rock dos anos 80. Ele se referia a
elas como "grupelhos" ou "bandinhas horrorosas". Que a mídia deva dar mais espaço a quem faz
música alternativa, hippie ou eletrônica, eu concordo; mas não se
pode desmerecer as bandas "antigas" (que são a base para novas
formações e bandas) de rock nacional. Afinal, se esse jovem não
sofreu influência de nenhuma delas, com certeza tinha, no máximo, 5 anos ao final dos anos 80. Se
esse é o caso, ele não sabe o que foi
ser adolescente engajado politicamente, o que era ter noção de luta
de classes, o que foi assistir ao fim
do império repressivo que havia
no Brasil até o início da década de
80, e a influência que essas "bandinhas" exerceram sobre os jovens.
As novas bandas de rock e pop são
tão pobres em conteúdo quanto a
tríplice aliança citada no e-mail e
também podem ser incluídas no
rol de "bandinhas" ou "grupelhos';
com uma única diferença: têm
mais recursos, graças à tecnologia.
Afinal, tentar separar a música da
realidade é simplesmente alienar
ainda mais o jovem."
Rosana Alves Ramos (São Paulo,
SP)
"Pauleira" ilógica
"Muito inoportuna a carta enviada por Joaquim Lemus na semana
passada. Não sei como ainda há
pessoas que defendem o tal do
rock "pauleira". Em uma sociedade tão violenta como a nossa, esse
estilo de "música" é inviável. Dos
vários estilos que o rock seguiu, as
"pauleiras" são um dos modos
mais sem lógica de uma banda expressar suas idéias.
E querer comparar os Beatles ao
jeito de o Sepultura tocar foi um
absurdo. Um show dos Rolling
Stones, por exemplo, empolga o
público, fazendo todos cantarem
em coro. Os baderneiros que se
acham músicos empolgam o público, e todos fazem um quebra-quebra geral. Há pancadaria durante o show ou depois dele. O
mais atual e melhor exemplo disso é o Woodstock 99."
Rafael Isac Campos, 16 (Brasília,
DF)
Woodstock 69 x 99
"Achei ridículo alguém dizer que
o Woodstock 99 foi igual ao de 69.
Para começo de conversa, a edição 69 foi organizada como um
protesto contra a guerra do Vietnã, e, ironicamente, o festival deste ano foi organizado numa ex-base da Força Aérea dos EUA.
Com fogueiras feitas de restos de
barracas e caixas de papelão e "fãs"
destruindo torres de som, de paz e
amor esse festival não teve nada.
E cobrando preços de US$ 150, para três dias de "paz, amor e música", só se for "paz, amor e lucro".
Um simples cachorro-quente a
US$ 5 e água a US$ 4? Qualquer
cristão se revoltaria contra isso.
Todo verão, a Europa fica repleta
de festivais. De Helsinque aos famosos festivais ingleses, que nunca tiveram essa hipocrisia de manter uma imagem e depois fazer tudo por dinheiro.
Eu entendo que alguém nos EUA
queira um grande festival musical,
mas acho que seria muito mais
apropriado e menos hipócrita se
esse festival se chamasse "(nome
de companhia multinacional)Fest
99" ou algo do gênero. Hoje em dia
não tem essa de paz e amor num
festival que reúne Korn, Limp Bizkit, Rage Against the Machine e
Metallica. Os doidos iriam começar a fazer umas rodinhas se o Bob
Dylan e a Joan Baez fossem lá cantar "Blowin in the Wind"."
André L. (via e-mail)
Paradoxo Ford
"Como é possível que incentivos
fiscais sejam liberados pelos Estados, falidos, para uma empresa
como a Ford, enquanto as pequenas e médias empresas nacionais
quebram por falta de incentivos e
recursos? Como se não bastasse
esse paradoxo, se a Ford fechar
suas portas em São Paulo, vários
trabalhadores ficarão sem emprego, contribuindo para o aumento
dos miseráveis no país. Em qualquer país desenvolvido, tal projeto
não seria sequer discutido."
Helena Refosco, 16 (Alphaville,
SP)
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