São Paulo, Segunda-feira, 09 de Agosto de 1999
Próximo Texto | Índice

O debate da semana gira em torno da Geração Y, do rock pauleira e dos anos 80, do Woodstock e até da Ford na BA

Geração Y ou J?

"Acho que nós, jovens brasileiros que temos acesso à leitura, à cultura e ao conhecimento, não deveríamos aceitar ser parte dessa Geração Y, que consome o lixo cultural norte-americano, que nos dita regras do que assistir, ouvir, comer. Até falamos seu idioma dentro do nosso próprio país.
Aonde isso vai parar, se parar, hein? Que tal formarmos uma Geração J, de jovens brasileiros que ouvem Chico, Milton, Caetano, Gil, que lêem Machado, Rosa, Drummond e que assistem aos nossos filmes? Que tal nos darmos esta chance de não sermos dominados e aculturados?"
Lígia Basílio Donoso, 17 (Ribeirão Preto, SP)

Seriado amigo

"Foi excelente a reportagem sobre a Geração Y, eu me identifiquei muito com o assunto, aquilo de você assistir ao seriado e aos filmes com os atores que você vê todo dia na TV. Eu sou fã do seriado "Friends" e já assisti a pelo menos quatro filmes só porque no elenco estava algum ator da série. Tenho pôsteres, chaveiros, fotos, fitas gravadas. As músicas eu adoro. Não perco um capítulo. Hoje em dia, as novelas estão ficando chatas, sem moral e senso de ridículo!
Esses seriados teens, como "Dawson's Creek", "Felicity" e "Friends", realmente ensinam um bocado (já mudei muito por causa deles). Colocam situações inesperadas, como a de um pai preso, uma mãe doente, e tratam de temas como trabalho, faculdade, namoro, abuso sexual, traição, casamento, brigas, amigos, mentiras. A personalidade de cada um dos personagens acaba te cativando, e eles se tornam seus amigos, ensinam a viver e a encarar a realidade."
Meissa Queiroz, 14 (São Paulo, SP)

Código "imexível"

"Estou indignado com o novo projeto que o governo está propondo para aumentar os pontos da carteira de motorista. No começo, pensei que os caminhoneiros estivessem certos ao entrar em greve contra o preço do diesel e dos pedágios abusivos, mas querer uma revisão na pontuação da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) é um absurdo.
Mais absurdo é o governo aumentar para 30 o número de pontos permitidos. Por sinal, agora não é mais só para caminhoneiros. Abriram a pontuação para todos os motoristas. Trafegar com lanterna quebrada não será mais levado em conta na pontuação.
Quando o novo Código de Trânsito entrou em vigor, o número de acidentes diminuiu sensivelmente em nosso país. Parecia que pelo menos uma lei iria funcionar, mas, como sempre, já existe alguém avacalhando tudo. O sistema de pontos é o elemento-chave no que se refere à punição dos motoristas. Tenho muito orgulho do Brasil, mas projetos como esse me deixam envergonhado. Não podemos fechar os olhos para as infrações e permitir que elas aconteçam, mas sim educar as pessoas para que elas tenham discernimento entre o certo e o errado."
Gustavo Carvalho, 18 (Taubaté, SP)

Rock anos 80

"Estou escrevendo com o objetivo principal de rebater as críticas sem fundamento do leitor Durval Dionísio (ed. de 28/6) às bandas de rock dos anos 80. Ele se referia a elas como "grupelhos" ou "bandinhas horrorosas". Que a mídia deva dar mais espaço a quem faz música alternativa, hippie ou eletrônica, eu concordo; mas não se pode desmerecer as bandas "antigas" (que são a base para novas formações e bandas) de rock nacional. Afinal, se esse jovem não sofreu influência de nenhuma delas, com certeza tinha, no máximo, 5 anos ao final dos anos 80. Se esse é o caso, ele não sabe o que foi ser adolescente engajado politicamente, o que era ter noção de luta de classes, o que foi assistir ao fim do império repressivo que havia no Brasil até o início da década de 80, e a influência que essas "bandinhas" exerceram sobre os jovens.
As novas bandas de rock e pop são tão pobres em conteúdo quanto a tríplice aliança citada no e-mail e também podem ser incluídas no rol de "bandinhas" ou "grupelhos'; com uma única diferença: têm mais recursos, graças à tecnologia. Afinal, tentar separar a música da realidade é simplesmente alienar ainda mais o jovem."
Rosana Alves Ramos (São Paulo, SP)

"Pauleira" ilógica

"Muito inoportuna a carta enviada por Joaquim Lemus na semana passada. Não sei como ainda há pessoas que defendem o tal do rock "pauleira". Em uma sociedade tão violenta como a nossa, esse estilo de "música" é inviável. Dos vários estilos que o rock seguiu, as "pauleiras" são um dos modos mais sem lógica de uma banda expressar suas idéias.
E querer comparar os Beatles ao jeito de o Sepultura tocar foi um absurdo. Um show dos Rolling Stones, por exemplo, empolga o público, fazendo todos cantarem em coro. Os baderneiros que se acham músicos empolgam o público, e todos fazem um quebra-quebra geral. Há pancadaria durante o show ou depois dele. O mais atual e melhor exemplo disso é o Woodstock 99."
Rafael Isac Campos, 16 (Brasília, DF)

Woodstock 69 x 99

"Achei ridículo alguém dizer que o Woodstock 99 foi igual ao de 69. Para começo de conversa, a edição 69 foi organizada como um protesto contra a guerra do Vietnã, e, ironicamente, o festival deste ano foi organizado numa ex-base da Força Aérea dos EUA.
Com fogueiras feitas de restos de barracas e caixas de papelão e "fãs" destruindo torres de som, de paz e amor esse festival não teve nada.
E cobrando preços de US$ 150, para três dias de "paz, amor e música", só se for "paz, amor e lucro". Um simples cachorro-quente a US$ 5 e água a US$ 4? Qualquer cristão se revoltaria contra isso.
Todo verão, a Europa fica repleta de festivais. De Helsinque aos famosos festivais ingleses, que nunca tiveram essa hipocrisia de manter uma imagem e depois fazer tudo por dinheiro.
Eu entendo que alguém nos EUA queira um grande festival musical, mas acho que seria muito mais apropriado e menos hipócrita se esse festival se chamasse "(nome de companhia multinacional)Fest 99" ou algo do gênero. Hoje em dia não tem essa de paz e amor num festival que reúne Korn, Limp Bizkit, Rage Against the Machine e Metallica. Os doidos iriam começar a fazer umas rodinhas se o Bob Dylan e a Joan Baez fossem lá cantar "Blowin in the Wind"."
André L. (via e-mail)

Paradoxo Ford

"Como é possível que incentivos fiscais sejam liberados pelos Estados, falidos, para uma empresa como a Ford, enquanto as pequenas e médias empresas nacionais quebram por falta de incentivos e recursos? Como se não bastasse esse paradoxo, se a Ford fechar suas portas em São Paulo, vários trabalhadores ficarão sem emprego, contribuindo para o aumento dos miseráveis no país. Em qualquer país desenvolvido, tal projeto não seria sequer discutido."
Helena Refosco, 16 (Alphaville, SP)


Folhateen: al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01202-900. Mande nome completo, idade, endereço e telefone. E-mail: Folhateen@uol.com.br


Próximo Texto: Sexo: Garotos também encanam com a primeira transa
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.