São Paulo, segunda-feira, 09 de setembro de 2002

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ESCUTA AQUI

Bin Laden, "Guerra nas Estrelas", dúvidas e nenhuma certeza

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Simela Pantzartzi - 26.fev.2002/France Presse
Máscaras de Osama bin Landen e de George W. Bush à venda no Carnaval na Grécia


Qual seria o slogan de Osama Bin Laden, se ele fosse candidato a presidente do Brasil?
Foi essa a pergunta que "Escuta Aqui" lançou, na semana passada, oferecendo como prêmio à melhor resposta um CD ao vivo da dupla americana Damon & Naomi.
Chegaram cerca de 200 e-mails, todos muito gentis, pelos quais sinceramente agradeço.
Como usei a palavra slogan, tinha a expectativa de receber frases curtas e divertidas, cheias de trocadilhos, jogos de palavras etc.
Na esmagadora maioria, no entanto, o que recebi tinha conteúdo "politizado", com mensagens contra a Alca, o FMI, os políticos brasileiros e coisas do gênero. E bastante indignadas, sem nada humorístico.
Só estou contando essa história de expectativa revertida para dizer que, em comunicação de massa, é quase impossível adivinhar as reações do público.
E isso, claro, não vale só para a modesta "Escuta Aqui". A incerteza sobre o que se passa na cabeça dos leitores/espectadores é o grande fantasma de todos os que trabalham em jornal, TV, música e cinema.
Por mais que alguém garanta ter a fórmula do sucesso, saber exatamente o que o público quer, isso nunca é verdade.
Quer melhor exemplo do que o sucesso apenas moderado dos novos filmes da saga "Guerra nas Estrelas"? Imagino que tenham sido baseados em pesquisas milionárias, em centenas de exibições para platéias de teste. E, claro, tinham por trás George Lucas, um dos maiores gênios populares da história do cinema. Não se pode dizer que tenham fracassado, mas ficaram longe de se transformar em um êxito espetacular.
O contrário também acontece. Por exemplo, a obscura série japonesa de TV "Iron Chef", um concurso entre cozinheiros, virou um grande sucesso nos EUA, apesar de passar numa pequena estação a cabo.
Na música, então, os exemplos são vários, de um lado e de outro.
Em 1997, a banda Girls Against Boys foi preparada para ser a grande sensação pós-Nirvana. Lançou um disco ótimo, "Freak on Ica", com produção impecável e músicas para pulverizar o esqueleto. Deu em nada. Vi o grupo tocando no ano passado, em San Francisco, em um clubinho para 300 pessoas...
Do mesmo modo, um lançamento relativamente despretensioso torna-se um sucesso sem paralelo -o exemplo clássico seria "Nevermind", do Nirvana (1991).
Ah! O vencedor da promoção Damon & Naomi foi o leitor Rodrigo da Cunha, 20, de São Paulo. O slogan dele: "Se o Brasil é uma bomba, entregue para quem sabe usar". Parabéns, Rodrigo.



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