São Paulo, segunda-feira, 09 de dezembro de 2002

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Após férteis colaborações, Katia Dotto estréia carreira solo

Um lugar para não se esconder

RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Aos 23 anos, a cantora Katia Dotto tem um currículo e tanto no underground nacional. Quem acompanha o cenário carioca deve se lembrar do nome dela no Kanella Pie, banda na qual cantava e tocava guitarra e que, como ela pondera, fazia um som ingênuo.
Com o fim do Kanella, Katia foi chamada para entrar no Leela, só que dessa vez tocando baixo. "Quando entrei para o Leela, comecei a levar a música mais a sério, a estudar de verdade. Viajamos muito e conheci muitas pessoas. Foi quando realmente vi o resultado de um trabalho meu."
Um ano depois de rodar o Brasil com o indie pop do Leela, ela foi convidada a entrar no grupo baiano Penélope, onde teve um breve convívio com o pop rock nacional. Depois disso, foi a vez de adentrar o "pop pervertido" e eletrônico do mim (em letras minúsculas mesmo), de Eva Leiz (ex-Polux), tocando baixo e fazendo backings.
Mas a independência parece estar no sangue de Katia e, com a ajuda dos amigos Bernardo Fonseca (baixista do Engenheiros do Hawaii) e Renatinho Ribeiro, seu parceiro, nasceu "Do Lado de Dentro", seu primeiro disco solo.
O nome foi tirado de um poema de Torquato Neto. No disco, Katia larga os instrumentos e solta a voz em sete faixas. E, como em toda a sua carreira, não poderia ser diferente: há o flerte claro e evidente entre o pop e o rock. "Acredito ser um som rock, com guitarras bem climáticas e batidas marcantes", diz Katia.
As músicas passam quase em ordem cronológica, seguindo como se fossem um diário, repletas de letras intensas, sinceras e íntimas. Katia avalia como inevitável trazer resquícios dos grupos Leela e Penélope em seu trabalho atual. "Mas o foco é completamente diferente, agora sou eu contando "A Minha História'", diz, fazendo referência à forte balada que abre o disco.
"Pretendo passar um estado de espírito, um ponto de vista, um sentimento, como algo que queria ter dito a alguém e não tive a oportunidade de dizer", explica, sobre as letras.
Hoje, acompanham Katia em suas apresentações Erika Nande no baixo, Walter Vilaça na guitarra e o baterista Rafael Miranda (que toca também na banda Ritual). Em "Eu Quero (Não Espero)", faixa roqueira que intercala peso e groove, há a participação de Patrick Laplan, ex-baixista do Los Hermanos e atualmente dividido entre Rodox e Biquíni Cavadão.
Um ponto curioso, que mostra a legítima independência de Katia, é que o CD não foi lançado por um selo. "Vendo os CDs nos shows e por e-mail. Eu o lancei por conta própria, quero tocar e ver como as pessoas reagem." Mas ela não descarta a possibilidade de uma futura parceria. "Não fechei com ninguém por enquanto, até mesmo porque pretendo gravar a segunda parte (do CD) em meados de 2003, aí, sim, de repente, eu lance."


Contato: katiajd@terra.com.br


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