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Após férteis colaborações, Katia Dotto estréia carreira solo
Um lugar para não se esconder
RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Aos 23 anos, a cantora Katia Dotto
tem um currículo e tanto no underground nacional. Quem acompanha o cenário carioca deve se
lembrar do nome dela no Kanella
Pie, banda na qual cantava e tocava
guitarra e que, como ela pondera,
fazia um som ingênuo.
Com o fim do Kanella, Katia foi
chamada para entrar no Leela, só
que dessa vez tocando baixo.
"Quando entrei para o Leela, comecei a levar a música mais a sério, a
estudar de verdade. Viajamos muito e conheci muitas pessoas. Foi
quando realmente vi o resultado de
um trabalho meu."
Um ano depois de rodar o Brasil
com o indie pop do Leela, ela foi
convidada a entrar no grupo baiano
Penélope, onde teve um breve convívio com o pop rock nacional. Depois disso, foi a vez de adentrar o
"pop pervertido" e eletrônico do
mim (em letras minúsculas mesmo), de Eva Leiz (ex-Polux), tocando baixo e fazendo backings.
Mas a independência parece estar
no sangue de Katia e, com a ajuda
dos amigos Bernardo Fonseca (baixista do Engenheiros do Hawaii) e
Renatinho Ribeiro, seu parceiro,
nasceu "Do Lado de Dentro", seu
primeiro disco solo.
O nome foi tirado de um poema
de Torquato Neto. No disco, Katia
larga os instrumentos e solta a voz
em sete faixas. E, como em toda a
sua carreira, não poderia ser diferente: há o flerte claro e evidente entre o pop e o rock. "Acredito ser um
som rock, com guitarras bem climáticas e batidas marcantes", diz
Katia.
As músicas passam quase em ordem cronológica, seguindo como se
fossem um diário, repletas de letras
intensas, sinceras e íntimas. Katia
avalia como inevitável trazer resquícios dos grupos Leela e Penélope
em seu trabalho atual. "Mas o foco é
completamente diferente, agora sou
eu contando "A Minha História'",
diz, fazendo referência à forte balada que abre o disco.
"Pretendo passar um estado de
espírito, um ponto de vista, um
sentimento, como algo que queria
ter dito a alguém e não tive a oportunidade de dizer", explica, sobre
as letras.
Hoje, acompanham Katia em
suas apresentações Erika Nande no
baixo, Walter Vilaça na guitarra e o
baterista Rafael Miranda (que toca
também na banda Ritual). Em "Eu
Quero (Não Espero)", faixa roqueira que intercala peso e groove, há a
participação de Patrick Laplan, ex-baixista do Los Hermanos e atualmente dividido entre Rodox e Biquíni Cavadão.
Um ponto curioso, que mostra a
legítima independência de Katia, é
que o CD não foi lançado por um
selo. "Vendo os CDs nos shows e
por e-mail. Eu o lancei por conta
própria, quero tocar e ver como as
pessoas reagem." Mas ela não descarta a possibilidade de uma futura
parceria. "Não fechei com ninguém
por enquanto, até mesmo porque
pretendo gravar a segunda parte
(do CD) em meados de 2003, aí,
sim, de repente, eu lance."
Contato: katiajd@terra.com.br
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