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CARTAS
O nome do caderno ainda gera muita polêmica, e leitores estão bravos com a censura a games e as "showmissas"
Discussão fútil
"Após ler reiteradas vezes a seção
de cartas do leitor do Folhateen,
pude observar que as pessoas que
reclamavam a respeito do nome
do jornal são, no fundo, verdadeiros hipócritas. Que moral têm eles
para criticar o "teen" se enviam
mensagens via e-mail, usam roupas e tênis gringos e passeiam pelos locais da "pleiboizada", como
Guarujá, Campos etc? Na verdade, reclamam do nome Folhateen
apenas para mostrar uma falsa
atitude, que deveria, sim, ser tomada para abrir os olhos para a
realidade da periferia que nem
imagina o que é Folhateen. Discutir sobre coisas fúteis, com a
barriga cheia, é fácil. O difícil é ir
até quem precisa e estender as
mãos. Espero que este caderno,
mostrando seu espírito democrático de sempre, publique mais
matérias a respeito dos jovens da
periferia, fazendo propostas para
a melhoria da qualidade de vida
dos brasileiros adolescentes que
não vivem nesse mundo de fadas,
consumo, "Malhação", Xuxa, Globo etc. Infeliz 500 anos, Brasil!"
Rafael Cavalcanti (via e-mail)
Cadê o português?
"Quando li a Folha do dia 20/12,
achei interessante escrever a vocês e dizer que concordo com Fabricio Palermo, de Ponta Grossa-PR. "Teen" não dá, e a sugestão Folhajovem é no mínimo excelente,
e aproveito este papo brazuca para falar de Rosana Bueno, que no
mesmo dia escreveu a carta "Dominação americana", concordando paralelamente com Fabricio.
Imaginem um dia abrirmos a Folha de São Paulo e lermos: "Assaltante foi deletado em casa de games após o beach soccer". Realmente, nossa cultura é estadunidense, mas deletar em nosso dicionário já é um absurdo. Parabéns a vocês, jovens, e chega de
"english"."
Pácis Arantes Júnior (Uberlândia, MG)
Santa Joana
"Causou-me muito espanto o artigo publicado neste caderno no dia
20/12, assinado pelo jornalista
Paulo Santos Lima. A matéria é altamente conivente com a excrescência que é o filme "Joana d'Arc".
Conivente com a corja anglo-saxônica que, usando de sua influência no atual mundo alienado
de hoje, aproveitou para descarregar sua inveja e inferioridade perante os franceses, que claramente
são superiores a esses semibárbaros. Segundo palavras do próprio
jornalista, "patético, inseguro e
impulsivo" são o mundo anglo-saxão e seus seguidores. Joana d'Arc
não é uma santa à toa. Sua história
é clara e amplamente conhecida,
na árdua e sagrada missão de libertar a França dos invasores. Sua
participação é considerada decisiva, pois a partir de sua entrada no
conflito o moral dos franceses aumentou e o caminho da vitória começou a ser trilhado. Sua coragem
e perseverança na fé servem até
hoje como modelo a ser seguido,
assim como seu comportamento
na guerra, tentando através de negociações a solução do conflito.
Seu martírio e a injustiça que sofreu são fatos profundamente repugnantes. Ao menos o filme serviu para mostrar que a França tem
uma heroína, enquanto do outro
lado da Mancha e do Atlântico...talvez Monica Lewinsky... ou a
Tampax Parker-Bowles com seu
garanhão herdeiro do trono. Ah...
acho que prefiro o Big Mac!"
Erick Carotini (São Paulo, SP)
Troca de colunista?
"Concordo plenamente com a
opinião do leitor José Luís de Paula Queiroz sobre a lista de melhores discos do século segundo Álvaro Pereira Jr. O leitor mostrou
que realmente entende de música,
ao contrário do colunista. Sugiro
que o caderno considere empregar José Luís no lugar do Álvaro!"
Camila Rodrigues, 20 (via e-mail)
Abaixo a censura
"Eu discordo completamente do o
fato de o ministro da Justiça ter
censurado alguns jogos para computador ("Doom", "Mortal Kombat", "Requiem", "Blood", "Postal" e
"Duke Nukem'), pois eu não acho
que esses jogos possam realmente
influenciar as pessoas a matar.
Muita gente ficou viciada nesses
jogos e não saiu matando todos na
rua ou no shopping. Se ele quer
acabar de vez com a violência, que
censure também as cenas de violência no noticiário. E que censure
também jogos de RPG, livros policiais, de suspense, que relatam assassinatos detalhadamente. E que
censure também filmes como
"Brinquedo Assassino" e outros.
Este não pode ser um país livre se
até a Igreja quer censurar filmes
("Dogma'). E o que mais leva à violência? Simples: jogos de baralho e
casas de fliperama! Ambos são como a droga, a pessoa perde muito
dinheiro e isso a leva à procura de
mais dinheiro, gerando sequestros, assaltos, roubos. Eu sugiro
que os jogos citados sejam liberados, ou então que sejam censurados todos os itens acima. Não é
por aí.
Até uma inocente lata de Nescau
pode ser muito assassina (você
pode pegá-la e bater na cabeça de
alguém até a morte!!!!). Acho que
a vontade de matar vem de dentro
da pessoa, não de algum joguinho
de briga. Vamos lutar sempre pelos nossos direitos."
Charly Ho, 13 (via e-mail)
Show ou missa?
"Geralmente eu não assisto TV
aos domingos, mas o dia estava
tão chato e chuvoso que eu resolvi
checar a programação. Foi quando eu vi que era transmitida uma
"missa" na Globo, com o padre
Marcelo, Chitãozinho & Xororó e
sua trupe. Até então tudo bem, eu
achei que fosse realmente uma celebração católica, mas pelo visto
acabou sendo mais um show do
Chitãozinho & Xororó com a participação do padre e patrocínio da
Rede Globo. Nada contra o padre
Marcelo nem contra Chitãozinho
& Xororó nem contra a Sandy, o
Júnior e a mãe deles, e também
nada contra a Fat Family, mas o
que era pra ser uma missa acabou
sendo um show! Só estava faltando o Zezé di Camargo, o Luciano e
o Leonardo pra virar um show de
Amigos & Convidados. Realmente um absurdo. É absurdo que o
que era pra ser uma celebração católica passe a ser uma jogada de
marketing para atrair audiência.
Pouco se investe por parte do governo no incentivo ao desenvolvimento da cultura, e os meios de
comunicação aproveitam-se de
movimentos religiosos para promover cantores e grupos que pouco acrescentarão à vida da maioria. Deixo aqui registrado meu
protesto."
Amanda, 16 (São Paulo, SP)
Folhateen: al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01202-900. Mande
nome completo, idade, endereço e telefone.
E-mail: folhateen@uol.com.br
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