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>> Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
A melhor reportagem de guerra
SE VOCÊ AINDA não leu, faça isso correndo.
Se você não sabe inglês, é hora de aprender. Se você tem algum interesse por jornalismo, não perca. Falo da reportagem "Battle company is out there" (a companhia de
combate está no fim do mundo, em tradução
livre), de Elizabeth Rubin, capa da revista do
jornal "The New York Times", de 24/2.
Passei as últimas duas semanas viajando a
trabalho em lugares distantes, fiquei meio fora do
circuito. Li na viagem. Na
volta, achei que alguém
no Brasil tivesse comentado ou traduzido. Nada.
Não sei se foi a própria
Rubin ou um editor, mas
alguém escolheu a dedo o
lugar da reportagem: um
ponto perdido e ultraviolento chamado vale do
Korengal, no extremo
nordeste do Afeganistão.
Se o conflito no Afeganistão aparece menos que
o do Iraque, essa região,
então, é mais invisível
ainda. Ali acontece uma
guerra tribal superespecífica, que não tem a menor
importância para o governo central afegão -o qual,
aliás, é 100% ausente nesse fim de mundo.
Para os soldados americanos, não há nenhuma
fortificação especial, eles
ficam dentro de um cercado ("the wires", como
chamam). A poucos metros desse limite, o couro
come, as balas voam, a vida não vale nada.
Rubin acompanha os militares em missões quase suicidas. Em uma situação extrema, tantos tiros são disparados, e o perigo é tamanho, que um oficial se joga sobre
a repórter, empurrando-a para um casebre. Na queda,
Rubin corta o braço num prego. Repórter fria a politicamente correta, ela desabafa: ao ver o sangue escorrendo
da ferida, entendeu por um instante o sentimento de alguns militares que têm vontade de trucidar o primeiro
afegão que virem pela frente.
Por mais que eu tente descrever, não vou transmitir a
sensação bruta de ler algo tão jornalisticamente relevante. Espero que você sinta o mesmo: www.nytimes.com/2008/02/24/magazine/24afghanistan-t.html?ref=magazine.
CD PLAYER
PLAY - "Senhores do Crime",
filme de David Cronenberg
David Lynch deveria aprender com
Cronenberg como ser ousado sem ser
chato e incompreensível. A facada no
olho, dentro de uma sauna, é dez.
PLAY - "Made in the Dark", da
banda Hot Chip
O soberbo mix de rock e eletrônica do
Hot Chip melhora a cada disco. Legal: é
moderno mas não é infantil.
EJECT - Arcade Fire toca para
Obama
AF apóia Obama, assim como trocentos
indies, fashionistas e bonzinhos em
geral. Obama, teu nome é McGovern
(pergunte a seu professor de história).
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