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MÚSICA
Banda CPM 22 muda planos de lançar disco de metal sombrio e se mantém no hardcore que a consagrou em respeito aos fãs; leia entrevista ao Folhateen
A importância de ser fiel
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Felicidade Instantânea", novo disco da banda paulista CPM 22, poderia ter deixado os milhares de
fãs que compraram os outros três álbuns
do grupo (incluindo o independente "A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum", de
2000) completamente decepcionados. Seria "denso, pesado e lento", totalmente diferente do hardcore romântico e melódico
proposto pelo grupo.
"A gente está aqui por causa dos fãs.
Quando houve idéias de mudar radicalmente o som do CPM 22, eu bati o pé e disse: "Não se esqueçam que a gente tem uma
legião de milhares de fãs pelo Brasil que
curtem o som que a gente faz do jeito que a
gente é". Tínhamos a idéia de caminhar para um som mais denso, mais pesado, mais
lento. Acabamos voltando atrás com a
idéia, mas sem copiar os outros discos que
fizemos", conta o baterista Japinha, 31.
Com a idéia de fazer um álbum de metal
sombrio descartada, a banda entrou em estúdio, em fevereiro, ao lado do trio de produtores Paulo Anhaia, Rodrigo Castanho e
Rick Bonadio, o homem atrás de hits do
Rouge, dos Mamonas Assassinas, do rapper virtual Dogão e do Charlie Brown Jr.
"Tem bastante gente que compara a gente com o Charlie Brown Jr., mas eu não
acho parecido. Mesmo antes de assinarmos
com o Rick, já tínhamos uma cara, não
houve como mudar muito. O Rick sabe separar, produziu Mamonas e Rouge. Nunca
poderia usar com a gente elementos que
usou com eles ou com o Dogão. Ele dá uma
aparada nas arestas, para deixar o disco
com a cara da banda e com aceitação em
rádio ou TV", explica Japinha.
Para ele, essa "aceitação" é importante
para uma banda que busca reconhecimento e shows lotados. "Não nos preocupamos
só com isso, é claro, pois queremos ter a
nossa cara com alma e integridade. Mas sabemos que aquelas duas ou três faixas têm
mais cara de rádio, então damos uma caprichada nelas. Antes eu via isso com certo
preconceito, achava comercial, mas hoje eu
vejo que é saudável, pois emplacar uma
música é bom para a banda, para o público
e para o rock nacional."
A banda, que chega agora ao terceiro disco por uma grande gravadora, passou a ser
chamada de "vendida" pelos fãs mais radicais de hardcore, que não aceitam ninguém
que assine contrato com uma multinacional e abandone o mercado independente.
"Somos de uma banda que teve coragem
de assumir uma gravadora, nunca escondemos que queríamos isso. A gente lançou
um disco independente, mas sempre quis
fazer shows com tudo de melhor que a gente pode ter no palco. As bandas têm de abrir
a cabeça. Não nos arrependemos de nada",
explica o vocalista Badaui, 29.
O título do disco, "Felicidade Instantânea", não necessariamente reflete a fase que
o CPM 22 passa no momento, mas tem a
ver. "A música fala que a felicidade que você sente dura apenas alguns instantes. A
gente está bem feliz já há algum tempo, não
temos do que reclamar, mas não é um mar
de rosas, a vida tem seus altos e baixos, para
qualquer pessoa", afirma Badaui.
SHOW DE LANÇAMENTO DO DISCO "FELICIDADE
INSTANTÂNEA" DO CPM 22. Quando: sábado, dia
16 de abril, às 21h30. Onde: Via Funchal (r. Funchal,
65, Vila Olímpia, São Paulo, SP, tel. 0/xx/11/3038-6698). Quanto: de R$ 50 (pista) a R$ 100 (camarote).
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