São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2005

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MÚSICA

Banda CPM 22 muda planos de lançar disco de metal sombrio e se mantém no hardcore que a consagrou em respeito aos fãs; leia entrevista ao Folhateen

A importância de ser fiel

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Felicidade Instantânea", novo disco da banda paulista CPM 22, poderia ter deixado os milhares de fãs que compraram os outros três álbuns do grupo (incluindo o independente "A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum", de 2000) completamente decepcionados. Seria "denso, pesado e lento", totalmente diferente do hardcore romântico e melódico proposto pelo grupo.
"A gente está aqui por causa dos fãs. Quando houve idéias de mudar radicalmente o som do CPM 22, eu bati o pé e disse: "Não se esqueçam que a gente tem uma legião de milhares de fãs pelo Brasil que curtem o som que a gente faz do jeito que a gente é". Tínhamos a idéia de caminhar para um som mais denso, mais pesado, mais lento. Acabamos voltando atrás com a idéia, mas sem copiar os outros discos que fizemos", conta o baterista Japinha, 31.
Com a idéia de fazer um álbum de metal sombrio descartada, a banda entrou em estúdio, em fevereiro, ao lado do trio de produtores Paulo Anhaia, Rodrigo Castanho e Rick Bonadio, o homem atrás de hits do Rouge, dos Mamonas Assassinas, do rapper virtual Dogão e do Charlie Brown Jr.
"Tem bastante gente que compara a gente com o Charlie Brown Jr., mas eu não acho parecido. Mesmo antes de assinarmos com o Rick, já tínhamos uma cara, não houve como mudar muito. O Rick sabe separar, produziu Mamonas e Rouge. Nunca poderia usar com a gente elementos que usou com eles ou com o Dogão. Ele dá uma aparada nas arestas, para deixar o disco com a cara da banda e com aceitação em rádio ou TV", explica Japinha.
Para ele, essa "aceitação" é importante para uma banda que busca reconhecimento e shows lotados. "Não nos preocupamos só com isso, é claro, pois queremos ter a nossa cara com alma e integridade. Mas sabemos que aquelas duas ou três faixas têm mais cara de rádio, então damos uma caprichada nelas. Antes eu via isso com certo preconceito, achava comercial, mas hoje eu vejo que é saudável, pois emplacar uma música é bom para a banda, para o público e para o rock nacional."
A banda, que chega agora ao terceiro disco por uma grande gravadora, passou a ser chamada de "vendida" pelos fãs mais radicais de hardcore, que não aceitam ninguém que assine contrato com uma multinacional e abandone o mercado independente.
"Somos de uma banda que teve coragem de assumir uma gravadora, nunca escondemos que queríamos isso. A gente lançou um disco independente, mas sempre quis fazer shows com tudo de melhor que a gente pode ter no palco. As bandas têm de abrir a cabeça. Não nos arrependemos de nada", explica o vocalista Badaui, 29.
O título do disco, "Felicidade Instantânea", não necessariamente reflete a fase que o CPM 22 passa no momento, mas tem a ver. "A música fala que a felicidade que você sente dura apenas alguns instantes. A gente está bem feliz já há algum tempo, não temos do que reclamar, mas não é um mar de rosas, a vida tem seus altos e baixos, para qualquer pessoa", afirma Badaui.


SHOW DE LANÇAMENTO DO DISCO "FELICIDADE INSTANTÂNEA" DO CPM 22. Quando: sábado, dia 16 de abril, às 21h30. Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, São Paulo, SP, tel. 0/xx/11/3038-6698). Quanto: de R$ 50 (pista) a R$ 100 (camarote).


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