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Não há lenda maior que Cartola
Velho sambista da Mangueira gravou pela primeira vez aos 65
U. Dettmar - 11.out.1978/Folha Imagem
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Um banquinho, um violão... Pra que mais? |
DA REPORTAGEM LOCAL
Cartola (1908-1980) nasceu
pobre, conseguiu uns trocados
fazendo sambas, caiu no fundo
do poço, sacudiu a poeira, deu a
volta por cima e só conseguiu
gravar seu primeiro disco
quando tinha 65 anos. Morreu
seis anos depois, ainda pobre.
Portanto, se você tem uma
banda que nunca decola, relaxe. Ainda há tem tempo para
você se tornar uma lenda.
E, no samba, não há lenda
maior do que Cartola.
O DVD "MPB Especial -1974" ajuda a entender o porquê. É uma das raras chances
de vê-lo em ação e traz uma
apresentação sua entrecortada
por entrevistas ao lado da então
jovem Leci Brandão. Entre outras coisas, ele fala sobre a criação da Mangueira, escola de
samba que ajudou a fundar.
Cartola estudou só até o primário, mas compôs músicas
complexas, de letras tristes,
carregadas de uma emoção rara
de ver no samba transmutado
de anos depois. Cazuza (1958-90) foi um de seus grandes fãs, e
seu legado continua volta e
meia sendo resgatado por novos artistas. A música de Cartola é coisa fina, diferente do
"sambanejo" de hoje.
Seu reconhecimento tardio,
no entanto, não é exceção por
aqui. Até hoje, inúmeros sambistas só conseguem gravar
quando passam dos 50 anos,
geralmente apadrinhados por
algum músico de destaque.
Cartola viveu de bicos como pedreiro, porteiro de prédio, lavador de carro e o que aparecesse
na frente. Coisas do Brasil.
(BYS)
MPB ESPECIAL - 1974
Cartola
www.cartola.org.br
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