São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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Não há lenda maior que Cartola

Velho sambista da Mangueira gravou pela primeira vez aos 65

U. Dettmar - 11.out.1978/Folha Imagem
Um banquinho, um violão... Pra que mais?


DA REPORTAGEM LOCAL

Cartola (1908-1980) nasceu pobre, conseguiu uns trocados fazendo sambas, caiu no fundo do poço, sacudiu a poeira, deu a volta por cima e só conseguiu gravar seu primeiro disco quando tinha 65 anos. Morreu seis anos depois, ainda pobre.
Portanto, se você tem uma banda que nunca decola, relaxe. Ainda há tem tempo para você se tornar uma lenda.
E, no samba, não há lenda maior do que Cartola.
O DVD "MPB Especial -1974" ajuda a entender o porquê. É uma das raras chances de vê-lo em ação e traz uma apresentação sua entrecortada por entrevistas ao lado da então jovem Leci Brandão. Entre outras coisas, ele fala sobre a criação da Mangueira, escola de samba que ajudou a fundar.
Cartola estudou só até o primário, mas compôs músicas complexas, de letras tristes, carregadas de uma emoção rara de ver no samba transmutado de anos depois. Cazuza (1958-90) foi um de seus grandes fãs, e seu legado continua volta e meia sendo resgatado por novos artistas. A música de Cartola é coisa fina, diferente do "sambanejo" de hoje.
Seu reconhecimento tardio, no entanto, não é exceção por aqui. Até hoje, inúmeros sambistas só conseguem gravar quando passam dos 50 anos, geralmente apadrinhados por algum músico de destaque. Cartola viveu de bicos como pedreiro, porteiro de prédio, lavador de carro e o que aparecesse na frente. Coisas do Brasil. (BYS)

MPB ESPECIAL - 1974
Cartola
www.cartola.org.br



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