São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

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SEXO & SAÚDE

Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

Comida também vicia

Na semana passada estive nos EUA e voltei impressionado com a quantidade de pessoas obesas ou acima do peso que encontrei. O fenômeno é claro também entre as crianças e os jovens com que cruzei na Universidade de Nova York. Mas algumas novidades nesse campo podem estar chegando.
Um artigo científico publicado na versão on-line da revista "Nature Neuroscience" no final de março sugere que o mecanismo que leva uma pessoa a ter compulsão por comer alimentos gordurosos é semelhante ao vício em drogas, como cocaína e heroína.
Pesquisadores avaliaram a função cerebral de camundongos que eram alimentados com uma dieta feita à base de bacon, salsichas e cheesecake. As áreas do sistema nervoso central, que lidam com o prazer, foram mudando gradualmente, fazendo com que os animais comessem cada vez mais, ficando obesos.
Quando alimentados com uma dieta saudável, muitos não queriam comer. Os cientistas acham que isso ocorre pelo excesso de dopamina (transmissor químico) que banha o cérebro em situações de prazer.
Com o tempo, o cérebro necessita de mais estímulo para obter a mesma sensação de prazer, ou seja, precisa de mais dopamina para ter o mesmo efeito, um dos mecanismos que pode levar ao "vício". Do ponto de vista prático, lá nos EUA, foi lançada a campanha "Let's Move", que incentiva os pais a comprarem alimentos mais saudáveis e estimularem as atividades físicas dos filhos.
A indústria de alimentos está sofrendo pressão para baixar os níveis de sal, de açúcar e de gordura dos produtos. Em breve, nesta coluna, a gente volta a falar de açúcar e de sal, considerados, hoje, vilões para a saúde.
Algumas cidades americanas obrigam restaurantes a colocarem o número de calorias nos alimentos que vendem. Escolas e universidades de lá tentam mudar os alimentos vendidos em suas cantinas. No Brasil, as iniciativas para combater a obesidade, que também aumentou muito nas últimas décadas, ainda engatinham.
O mais difícil, tanto por aqui como por lá, é mudar os hábitos das pessoas. Cigarro, sexo seguro, atividade física, alimentação, tudo isso esbarra nesse ponto. Como fazer as pessoas "funcionarem" de outra forma?
Para ler sobre a pesquisa: bit.ly/bYpRWU.


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