São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2000


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GAROTOS NACIONAIS
A banda mineira se livra de fórmulas e acerta no quinto CD
Skank finalmente faz golaço

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

É errando que se aprende, certo? Se você ainda acha que isso é conversa para boi dormir, ouça o disco novo do Skank. Os rapazes de Minas Gerais já escorregaram antes. Mas comprovam em "Maquinarama" que não estavam fadados a compor "garotas nacionais" para o resto da existência.
"A gente queria acabar com o estigma de que o Skank é obrigado a fazer coisas alegres, para animar festinha", disse o vocalista Samuel Rosa, em entrevista ao Folhateen. "Não queríamos compor um disco com "fórmulas do Skank". A gente tem muito mais para mostrar. Nem pensar em ficar fazendo cover de nós mesmos", resumiu.
Ficaram de fora os naipes "over" de metais, músicas alegrinhas e baladas do tipo "Resposta", hit do disco anterior, "Siderado". No lugar, entraram tecladinhos sacanas, guitarras à surf music, batidas de drum'n'bass feitas "no braço" e referências à jovem guarda.
Segundo a banda, a primeira grande mudança impressa no novo CD foi de atitude. "Este disco está na contramão de tudo o que a gente vinha fazendo. Nos preocupamos mais com o conceito do álbum do que com as músicas isoladamente", diz Haroldo, o baterista.
A banda resolveu apostar no entrosamento durante a pré-produção, momento em que as músicas saem do esboço para serem gravadas pela primeira vez. "Ficamos enfurnados durante dois meses num estúdio caseiro, que fica na casa da mãe do Haroldo, em BH", conta Samuel. "Foi fundamental a gente ter ficado 24 horas debruçado sobre o disco. Isso é inviável em megaestúdios. Você sempre tem horário para desocupar, porque tem ensaio de outra banda", diz o tecladista Henrique.
Os sons que os músicos têm ouvido também nortearam "Maquinarama". De Beach Boys a Kinks, passando por Mano Negra, High Llamas e Asian Dub Foundation, só entra coisa boa no CD player do Skank. "E temos pirado muito mesmo no Air", diz Samuel, sobre o duo francês de música eletrônica.
"Maquinarama" é dedicado ao músico e produtor Suba. "Pensamos muito no nome dele para produzir o disco, mas não deu tempo", diz Henrique. O iugoslavo radicado no Brasil morreu em novembro de 99 num incêndio em seu apê, em São Paulo. Seu último trabalho como produtor está no CD "Tanto Tempo", de Bebel Gilberto. No lugar de Suba, a banda chamou Tom Capone e Chico Neves. "Além de serem excelentes produtores, eles são ótimos engenheiros de som", elogia Samuel.
Outro item importante no produto final "Maquinarama" foi a escolha dos instrumentos. "Só entrou "vintage'", diz Samuel, referindo-se aos instrumentos antigos usados na gravação.
O CD ainda tem parcerias de Samuel com Edgard Scandurra, do Ira!, do mineiro Lô Borges e de Fausto Fawcett. Andreas Kisser, do Sepultura, toca guitarra na faixa "Rebelião".

SKANK
Em "Maquinarama", o Skank mexeu em time que estava ganhando, ou melhor, vendendo. E muito. "Resolvemos desencanar. Fizemos o disco do jeito que a gente queria", disse o próprio Samuel Rosa. Aqui a banda ataca de Enio Morricone, surf music, Roberto Carlos, drum'n'bass. Tudo com unidade, produção caprichada. Em "Balada do Amor", a banda foi buscar inspiração em Sergio Mendes, brasileiro que fez sucesso nos EUA, nos anos 60, com seu teclado meio bossa nova, meio trash. Será que os fãs de "Garota Nacional" vão entender?



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