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GAROTOS NACIONAIS
A banda mineira se livra de fórmulas e acerta no quinto CD
Skank finalmente faz golaço
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
É errando que se aprende, certo? Se
você ainda acha que isso é conversa
para boi dormir, ouça o disco novo do
Skank. Os rapazes de Minas Gerais já
escorregaram antes. Mas comprovam
em "Maquinarama" que não estavam
fadados a compor "garotas nacionais"
para o resto da existência.
"A gente queria acabar com o estigma
de que o Skank é obrigado a fazer coisas alegres, para animar festinha", disse
o vocalista Samuel Rosa, em entrevista
ao Folhateen. "Não queríamos compor
um disco com "fórmulas do Skank". A
gente tem muito mais para mostrar.
Nem pensar em ficar fazendo cover de
nós mesmos", resumiu.
Ficaram de fora os naipes "over" de
metais, músicas alegrinhas e baladas do
tipo "Resposta", hit do disco anterior,
"Siderado". No lugar, entraram tecladinhos sacanas, guitarras à surf music,
batidas de drum'n'bass feitas "no braço" e referências à jovem guarda.
Segundo a banda, a primeira grande
mudança impressa no novo CD foi de
atitude. "Este disco está na contramão
de tudo o que a gente vinha fazendo.
Nos preocupamos mais com o conceito
do álbum do que com as músicas isoladamente", diz Haroldo, o baterista.
A banda resolveu apostar no entrosamento durante a pré-produção, momento em que as músicas saem do esboço para serem gravadas pela primeira vez. "Ficamos enfurnados durante
dois meses num estúdio caseiro, que fica na casa da mãe do Haroldo, em BH",
conta Samuel. "Foi fundamental a gente ter ficado 24 horas debruçado sobre
o disco. Isso é inviável em megaestúdios. Você sempre tem horário para desocupar, porque tem ensaio de outra
banda", diz o tecladista Henrique.
Os sons que os músicos têm ouvido
também nortearam "Maquinarama".
De Beach Boys a Kinks, passando por
Mano Negra, High Llamas e Asian Dub
Foundation, só entra coisa boa no CD
player do Skank. "E temos pirado muito mesmo no Air", diz Samuel, sobre o
duo francês de música eletrônica.
"Maquinarama" é dedicado ao músico e produtor Suba. "Pensamos muito
no nome dele para produzir o disco,
mas não deu tempo", diz Henrique. O
iugoslavo radicado no Brasil morreu
em novembro de 99 num incêndio em
seu apê, em São Paulo. Seu último trabalho como produtor está no CD "Tanto Tempo", de Bebel Gilberto. No lugar
de Suba, a banda chamou Tom Capone
e Chico Neves. "Além de serem excelentes produtores, eles são ótimos engenheiros de som", elogia Samuel.
Outro item importante no produto final "Maquinarama" foi a escolha dos
instrumentos. "Só entrou "vintage'",
diz Samuel, referindo-se aos instrumentos antigos usados na gravação.
O CD ainda tem parcerias de Samuel
com Edgard Scandurra, do Ira!, do mineiro Lô Borges e de Fausto Fawcett.
Andreas Kisser, do Sepultura, toca guitarra na faixa "Rebelião".
SKANK
Em "Maquinarama",
o Skank mexeu em time que estava ganhando, ou melhor,
vendendo. E muito.
"Resolvemos desencanar. Fizemos o disco do jeito que a gente
queria", disse o próprio Samuel Rosa.
Aqui a banda ataca
de Enio Morricone,
surf music, Roberto
Carlos, drum'n'bass.
Tudo com unidade,
produção caprichada. Em "Balada do
Amor", a banda foi
buscar inspiração em
Sergio Mendes, brasileiro que fez sucesso
nos EUA, nos anos 60,
com seu teclado meio
bossa nova, meio
trash. Será que os fãs
de "Garota Nacional"
vão entender?
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