|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Escuta aqui
Álvaro Pereira Júnior
A Copa e o rock
ESCREVO DURANTE o jogo Alemanha x
Costa Rica, o primeiro da Copa. Tento
prestar alguma atenção à partida, ou,
como se diz, "entrar no clima". Desisto, não dá.
Primeiro porque tenho de fazer a coluna. Segundo porque... bem, leia abaixo.
Antes que você me entenda mal, esclareço:
adoro futebol, sou fanático pelo meu time, o
São Paulo. E, apesar de não ligar muito para a
seleção brasileira, sempre
achei o máximo acompanhar a Copa do Mundo
(de preferência, jogos bizarros, tipo Gana x República Tcheca ou Irã x Angola, que vão rolar em
breve).
O que cada vez me incomoda mais na Copa do
Mundo -e me afasta
mais e mais dela- é esse
espírito comunal, essa
quase obrigatoriedade de
se sentir entorpecido pelo
torneio. É como ver a platéia piscando seus celulares durante uma canção
romântica, bem melosa,
do Coldplay. Como presenciar um grupinho tocando Legião Urbana ao
violão no centro acadêmico da faculdade. Como
chorar com "Stairway to
Heaven", do Led Zeppelin, ou vibrar em um show
de Ivete Sangalo.
A Copa do Mundo equivale a coisas assim
-Coldplay, Legião Urbana, "Stairway to Heaven",
Ivete.
Mas eu não gosto de nada disso. Quero saber de Art Brut, do Sigur Rós. Do
Franz Ferdinand, da PJ Harvey, do Bloc Party, do disco
novo dos Yeah Yeah Yeahs.
Mas quem seriam, na Copa, os correspondentes a esses artistas? Não sei, mas procuro. O Irã estréia dia 11,
contra o México. Gana encara a Itália dia 12.
Não acho que vá encontrar nada instigante nos grandes times, nos patrocinadores milionários e seus supercraques maravilhosos (sempre sorridentes, arrumados,
sambando, sempre embevecidos pelo sucesso). Prefiro
garimpar em terreno desconhecido
Irã, Gana, Art Brut. Tenho de descobrir o que eles têm
em comum.
Feliz Copa do Mundo. Para quem pode ser feliz.
E-mail: cby2k@uol.com.br
Texto Anterior: Como é ser trecho de música Próximo Texto: CD player Índice
|