São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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Todo mundo fatura em cima do velho Ozzy Osbourne

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

colunista da Folha

Se você não mora nos EUA, não faz idéia da febre provocada pelo programa "The Osbournes", que mostra o dia-a-dia na mansão do metaleiro Ozzy Osbourne em Los Angeles. O show, semanal, passa em um canal a cabo, a MTV, e estreou na semana passada no Brasil. É sucesso quase sem precedentes na história da TV por assinatura nos EUA.
Passei alguns dias entre Califórnia e Flórida, na semana retrasada, e Ozzy está em todas. Isso já seria um fenômeno em qualquer circunstância, mas ainda mais nos EUA, onde a torrente de informações é tão gigantesca, há tanta escolha para tudo, que dificilmente algo consegue tamanho destaque.
Todo mundo quer tirar casquinha. Por exemplo: o programa do apresentador Howard Stern, na emissora E!, especializado em esculachar tudo, botou no ar a "Semana Ozzy", uma coletânea de participações de Ozzy no show de Stern.
Entre outras pérolas de extremo "bom gosto" e "sofisticação", Howard Stern perguntou ao filho adolescente do casal Osbourne se ele já tinha pego algum flagra dos pais transando no quarto. Ozzy, claro, adorou, e, a cada pergunta picante de Stern, dava uma resposta mais sacana ainda. Engraçado demais.
O mais interessante no sucesso de "The Osbournes" está na simplicidade de seu formato. Não tem nenhuma das regras, muitas vezes complicadas, das dezenas de outros "reality shows". Também não tem competição.
No método de filmagem, nenhuma grande sacada high-tech. Não existem microcâmeras, nem instalações complexas. Há, simplesmente, um monte de câmeras nos ombros dos cinegrafistas, que correm atrás da família para todo lado.
Muito mais do que aqui no Brasil, em que Ozzy é conhecido por um grupo específico de fãs de rock (os adoradores do metal), o velho roqueiro inglês é uma celebridade nos EUA. E já era muito antes do programa da MTV.
Imagino, na cabeça de um americano, o que é ver um de seus maiores ídolos se dando relativamente mal. Ou seja: pastando na mão de dois filhos adolescentes rebeldes, vagando pela casa atrás não se sabe de quê, murmurando palavras em um inglês que só ele entende.
Acho que, no fundo, há uma grande dose de sadismo e de maldade no extremo sucesso de "The Osbournes". É o gosto de ver que um ídolo é tão humano quanto os fãs e que, apesar dos milhões no banco, também quebra a cara várias vezes por dia.
  Quem leu esta coluna na semana passada, sobre um show que vi da banda nova-iorquina Strokes, talvez tenha se espantado com um misterioso personagem, "Fabrizio", que aparecia de repente no texto, sem ninguém saber quem era. Pois bem, "Fabrizio" é Fabrizio Moretti, baterista dos Strokes, que nasceu no Rio e se mudou para os EUA aos quatro anos de idade.
É que enviei ao Folhateen um texto maior do que deveria e, na hora do corte, desapareceu a apresentação do Fabrizio. Peço desculpas ao leitor.
E-mail: cby2k@uol.com.br.

Bolão da morte
Um certo "Dave", trabalhador na área de saúde em Detroit, EUA, ganhou US$ 15 mil com a recente morte de Layne Staley, o vocalista do Alice in Chains. Isso porque "Dave" é um fanático apostador em "death pools", bolões comuns nos EUA em que se aposta em quais celebridades estão para morrer.

Carreras e Britney
Perguntaram ao tenor José Carreras o que ele achava de Britney Spears como cantora. Você pensa que ele esnobou? Nada disso. "Sempre achei que existe um tipo de música para cada momento, cada estado de espírito. Não é porque canto óperas que só vou ouvir música clássica." Mandou bem.

Rádio jóia 1
Ótima surpresa no rádio da Flórida: a estação WVUM, de finíssima música alternativa. Longe das pressões politicamente corretas que afetam a Califórnia, por exemplo, a WVUM toca bons sons, sem que necessariamente tenham sido feitos por mulheres negras lésbicas da Costa do Marfim.

Rádio jóia 2
O melhor da história é que dá para ouvir a WVUM também na internet: www.wvum.org. Tem a relação completa de músicas, o nome das bandas e os horários em que cada coisa tocou. Então, se não der para entender direito o que o locutor fala, é só conferir depois no site dos caras.

PLAY

"Intensify", !!!
Isso mesmo, a banda se chama !!!, e ouvi pela primeira vez na WVUM, de Miami. Imagine se o Lenny Kravitz recebesse altas doses de hormônios sexuais e um implante cerebral. Sairia um som assim.

PAUSE

"Dust", Peter Murphy
Acaba de sair nos EUA esse pesadelo gótico-hindu, trabalho solo do vocalista do finado Bauhaus. Só não ganha Play porque se destina a um público muito específico (loucos e/ou tiozinhos).

EJECT

Jazz
Um amplo Eject para esse gênero que não se renova nunca. Veja só a descrição do disco de uma nova cantora, Norah Jones: "Traços de Nina Simone e ecos de Billie Holiday". É sempre igual.



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