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Todo mundo fatura em cima do velho Ozzy Osbourne
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
colunista da Folha
Se você não mora nos EUA, não faz idéia da
febre provocada pelo programa "The Osbournes", que mostra o dia-a-dia na mansão
do metaleiro Ozzy Osbourne em Los Angeles.
O show, semanal, passa em um canal a cabo, a
MTV, e estreou na semana passada no Brasil.
É sucesso quase sem precedentes na história
da TV por assinatura nos EUA.
Passei alguns dias entre Califórnia e Flórida,
na semana retrasada, e Ozzy está em
todas. Isso já seria
um fenômeno em
qualquer circunstância, mas ainda
mais nos EUA, onde
a torrente de informações é tão gigantesca, há tanta escolha para tudo, que dificilmente algo consegue
tamanho destaque.
Todo mundo quer tirar casquinha. Por
exemplo: o programa do apresentador Howard Stern, na emissora E!, especializado em
esculachar tudo, botou no ar a "Semana
Ozzy", uma coletânea de participações de
Ozzy no show de Stern.
Entre outras pérolas de extremo "bom gosto" e "sofisticação", Howard Stern perguntou
ao filho adolescente do casal Osbourne se ele
já tinha pego algum flagra dos pais transando
no quarto. Ozzy, claro, adorou, e, a cada pergunta picante de Stern, dava uma resposta
mais sacana ainda. Engraçado demais.
O mais interessante no sucesso de "The Osbournes" está na simplicidade de seu formato. Não tem nenhuma das regras, muitas vezes complicadas, das dezenas de outros "reality shows". Também não tem competição.
No método de filmagem, nenhuma grande
sacada high-tech. Não existem microcâmeras,
nem instalações complexas. Há, simplesmente, um monte de câmeras nos ombros dos cinegrafistas, que correm atrás da família para
todo lado.
Muito mais do que aqui no Brasil, em que
Ozzy é conhecido por um grupo específico de
fãs de rock (os adoradores do metal), o velho
roqueiro inglês é uma celebridade nos EUA. E
já era muito antes do programa da MTV.
Imagino, na cabeça de um americano, o que
é ver um de seus maiores ídolos se dando relativamente mal. Ou seja: pastando na mão de
dois filhos adolescentes rebeldes, vagando pela casa atrás não se sabe de quê, murmurando
palavras em um inglês que só ele entende.
Acho que, no fundo, há uma grande dose de
sadismo e de maldade no extremo sucesso de
"The Osbournes". É o gosto de ver que um
ídolo é tão humano quanto os fãs e que, apesar dos milhões no banco, também quebra a
cara várias vezes por dia.
Quem leu esta coluna na semana passada,
sobre um show que vi da banda nova-iorquina Strokes, talvez tenha se espantado com um
misterioso personagem, "Fabrizio", que aparecia de repente no texto, sem ninguém saber
quem era. Pois bem, "Fabrizio" é Fabrizio
Moretti, baterista dos Strokes, que nasceu no
Rio e se mudou para os EUA aos quatro anos
de idade.
É que enviei ao Folhateen um texto maior
do que deveria e, na hora do corte, desapareceu a apresentação do Fabrizio. Peço desculpas ao leitor.
E-mail: cby2k@uol.com.br.
Bolão da morte
Um certo "Dave", trabalhador na área de
saúde em Detroit, EUA, ganhou US$ 15 mil
com a recente morte de Layne Staley, o vocalista do Alice in Chains. Isso porque "Dave" é um fanático apostador em "death
pools", bolões comuns nos EUA em que se
aposta em quais celebridades estão para
morrer.
Carreras e Britney
Perguntaram ao tenor José Carreras o que
ele achava de Britney Spears como cantora.
Você pensa que ele esnobou? Nada disso.
"Sempre achei que existe um tipo de música para cada momento, cada estado de espírito. Não é porque canto óperas que só
vou ouvir música clássica." Mandou bem.
Rádio jóia 1
Ótima surpresa no rádio da Flórida: a estação WVUM, de finíssima música alternativa. Longe das pressões politicamente
corretas que afetam a Califórnia, por
exemplo, a WVUM toca bons sons, sem
que necessariamente tenham sido feitos
por mulheres negras lésbicas da Costa do
Marfim.
Rádio jóia 2
O melhor da história é que dá para ouvir a
WVUM também na internet: www.wvum.org. Tem a relação completa de músicas,
o nome das bandas e os horários em que
cada coisa tocou. Então, se não der para
entender direito o que o locutor fala, é só
conferir depois no site dos caras.
PLAY
"Intensify", !!!
Isso mesmo, a banda se chama !!!, e ouvi pela primeira vez na WVUM, de Miami. Imagine se o Lenny
Kravitz recebesse altas doses de hormônios sexuais e um implante cerebral. Sairia um som assim.
PAUSE
"Dust", Peter Murphy
Acaba de sair nos EUA esse pesadelo gótico-hindu,
trabalho solo do vocalista do finado Bauhaus. Só
não ganha Play porque se destina a um público muito específico
(loucos e/ou tiozinhos).
EJECT
Jazz
Um amplo Eject para esse gênero que não se renova
nunca. Veja só a descrição do disco de uma nova
cantora, Norah Jones: "Traços de Nina Simone e ecos de Billie
Holiday". É sempre igual.
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