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super-humano
"Homem-Aranha" é um dos melhores filmes para teens dos últimos anos
Subindo pelas paredes
Divulgação
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Peter Parker (interpretado por Tobey Maguire) testa seus novos superpoderes na escada da casa em que mora com os tios |
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
E u poderia começar falando de "Homem-Aranha", que estreou na sexta
retrasada nos EUA e chega nesta sexta ao
Brasil, pelos números. O filme vem batendo recorde atrás de recorde: foi o mais
visto da história num fim-de-semana: arrecadou, de cara, US$ 114 milhões numa
segunda, numa sexta e num sábado.
Além disso, é o que mais rápido passou a
barreira dos 100 (milhões de dólares). Ou
seja, a essa altura já deve ter coberto os
valores de produção, que custaram US$
139 milhões.
Mas não é isso que interessa. O fato é
que a adaptação para o cinema do quadrinho é um dos melhores filmes para
adolescentes feitos nos últimos anos por
Hollywood. E, por "melhor", entenda
"menos idiota", numa terra em que The
Rock como "O Escorpião Rei" é a segunda maior bilheteria da temporada.
Tudo ajudou na fórmula para que a
química tenha dado certo. A começar
pelo casal principal, os atores até então
não muito conhecidos Tobey Maguire e
Kirsten Dunst, passando pelo diretor, Sam Raimi,
um legítimo quadrinhomaníaco que começou sua carreira com a cinessérie pop
"A Morte do Demônio" e já cuidou de
outra adaptação, "Darkman - Vingança
sem Rosto".
Mas é a história o ponto forte. O estudante Peter Parker foi o primeiro super-herói que ganhou as massas pelo comportamento de adolescente com o qual
milhões se identificam. E legítimo, já que
tanto o filhote do quadrinista Stan Lee
quanto a ótima versão do cinema é perturbado, apaixonado por sua vizinha bonita, deslocado no colégio, tímido.
E, em vez das espinhas na cara que o diferenciam da turma "cool" da escola, ele
tem algo que nenhum deles tem: um superpoder, adquirido ao ser picado por
uma aranha radioativa (na HQ) ou modificada geneticamente (no filme).
Quando começa a ficar muito diferente,
ouve do tio o mesmo blablablá que milhões de teens já ouviram.
Numa frase: empatia total com seu público-alvo.
Ensinando física
Não é por outro motivo que, na "vida
real", o professor Jim Kakalios, titular da
cadeira de física da Universidade de Minnesota, nos EUA, utiliza o personagem
para prender a atenção dos teens e pós-teens que frequentam as suas aulas.
"A teia do Homem-Aranha é realmente
forte o suficiente para aguentar seu peso
enquanto ele voa de um prédio para outro?" é um dos problemas da última prova que aplicou.
Kakalios batizou o curso de "Everything I Know of Science I Learned from
Reading Comic Books" (Tudo o que Eu
Sei de Ciência Aprendi Lendo História
em Quadrinhos) e teve a idéia lendo um
episódio de 1973 da série em que a então
namorada de Peter Parker, Gwen, morre
ao ser derrubada de uma ponte pelo arquiinimigo do Homem-Aranha, o Duende Verde.
As salas do curso vivem cheias. "Minha
impressão é que, quando os alunos saem
da aula no final do curso, encaram o
mundo de uma maneira mais crítica e
científica do que antes", disse o professor.
Agora, o Hulk
Claro que o interesse que Hollywood
divide com o professor Kakalios pelo público adolescente não visa ao conhecimento. Das dez maiores bilheterias do cinema nos EUA no ano passado, nada
menos do que oito eram de filmes direcionados para essa faixa etária, entre eles
os três primeiros ("Harry Potter e a Pedra
Filosofal", "O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel" e "Shrek").
"Homem-Aranha", por sua vez, não
decepcionou o mercado. E vem aí a adaptação cinematográfica de "O Incrível
Hulk". Dirigida por Ang Lee, com Eric
Bana e Jennifer Connelly nos papéis principais, chega às telas no ano que vem. Na
história de Bruce Banner e sua transformação no monstro verde não há espaço
para adolescentes atormentados.
Mas que estes vão continuar lotando as
platéias, não há dúvida.
Na internet: www.sony.com/spider-man
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