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INTERNETS
Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com
Super Mario sem Mario (gente legal, parte 1)
Andy Warhol ficou famoso por se apropriar de elementos da cultura pop, como imagens de Marilyn
Monroe, Elvis e latas de sopa Campbell's. Mas, e
se ele estivesse vivo hoje, em tempos de internet e de
cultura digital, o que ele usaria? Uma possível resposta a
essa pergunta é o trabalho do artista Cory Arcangel, que
usa videogames como matéria-prima para suas obras.
Cory tem 31 anos e vive em Nova York. Ele conseguiu
um fato raro: tornou-se conhecido não só entre os
"geeks", mas também no conservador mundo das artes,
ainda muito preso a pintura, a escultura e a outros suportes físicos. Para isso, seguiu um caminho diferente.
Uma de suas obras mais conhecidas chama-se "Super
Mario Clouds" (nuvens Super Mario). A ideia é de uma
simplicidade franciscana: ele pegou o cartucho do jogo
"Super Mario Bros." e apagou tudo, menos as nuvens.
Em vez do jogo, aparecem só nuvenzinhas passando
lentamente pela tela. Falando assim pode parecer bobo,
mas vale conferir o resultado (http://migre.me/3i1C).
Há um estranhamento ao revelar camadas em que muitas vezes nem prestamos atenção dentro do jogo, e que,
isoladas, adquirem outro significado -como um pintor
que ressalta um aspecto menos óbvio de uma paisagem.
É legal ver que as obras dele são exibidas tanto em galerias, museus, bienais e outros lugares físicos tradicionais quanto (e principalmente!) na internet. E nem por
isso perdem seu valor. Na verdade, é o contrário disso.
Cory fez sucesso primeiro na rede e continua a publicar
tudo o que faz on-line (vale a pena dar uma olhada nas
outras obras dele no YouTube).
Minha única crítica é que o trabalho dele se baseia
principalmente em jogos da década de 80. Qualquer artista que trabalha com tecnologias obsoletas (hoje consideradas "vintage") é, por natureza, mais careta, já que
o tempo cria uma "rede de segurança" e reduz os riscos.
Quero ver fazer o mesmo com jogos novíssimos, que
não foram ainda sacramentados como "cool" pela passagem do tempo. Que tal trabalhar com "Dead Space",
"Mirror's Edge", "Rock Band" ou mesmo o "Wii Fit",
para começar, que são parte da nossa cultura pop do
aqui e agora? Fica o desafio.
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