São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

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MÚSICA

Banda carioca de hardcore emo. consegue contrato com a gravadora EMI por já ter estratégia de marketing pronta

De bandeja

DA REPORTAGEM LOCAL

A qualidade da música parece ter ficado em segundo plano para uma banda de rock que espera um contrato com uma gravadora. O som é importante, mas uma estratégia de marketing prontinha tem sido decisiva para quem espera uma distribuição em dimensões nacionais. Isso é fato pelo menos para a banda carioca de hardcore emo., que assinou com a gravadora EMI para o lançamento do disco de estréia "Melhores Dias".
"Antes, as bandas eram montadas pelas gravadoras, com grandes investimentos, mas não tinham credibilidade com o público. Hoje é importante ter noção de marketing fechada. As bandas têm de saber que é preciso ter site, camiseta, fotolog, adesivos... O Charlie Brown Jr., por exemplo, não tinha isso quando começou. Lembro de ter ido a um show deles, quis comprar uma camiseta e não tinha. Ter essa noção é importantíssimo para a gravadora, afinal, a gente conhece nosso público e faz a coisa acontecer", explica o baterista Daniel, 25.
Outro fator decisivo para o grupo emplacar o hardcore melódico e cheio de desilusões amorosas, também conhecido por emocore, foi a existência do site oficial da banda (www.emo.com.br), um fotolog e ainda uma comunidade no Orkut. "Sem internet, a gente não teria um fã. A internet está roubando o espaço da rádio, que toca muita música antiga. Nosso público é formado por gente antenada, que busca novidades em páginas de bandas segmentadas, como as de punk rock. A gente dá valor a isso e vê que dá retorno."
A emo. foi formada, em 1998, por amigos que moram na Barra da Tijuca, no Rio. Tuirow (vocal e guitarra), 24, Marcelão (guitarra), 25, e Juca (baixo), 27, se conheceram no cenário de rock underground carioca e também no meio universitário.
O disco de estréia foi produzido pelo ex-guitarrista da Legião Urbana, Dado Villa-Lobos, mas, ao contrário do que muitos imaginam, nenhum dos integrantes do emo. era fã da banda de Brasília. "Hoje a gente até gosta e toca um cover da Legião em nossos shows. Mas sempre respeitamos a importância da banda", conta Daniel, que acabou ficando amigo de Dado.
"Ele é simples, não poderia ter sido melhor. A gente saia do estúdio e ia para a noite juntos. Virou amizade mesmo. A gente gravou no estúdio na casa dele. O Dado é todo ligado ao punk rock e não tem vícios de produtores antigos. O estúdio dele está cheio de fotos dos Ramones e do Clash. Deu várias sugestões animais", diz.
As letras do emo. falam, principalmente de desilusões amorosas, mas o disco se chama "Melhores Dias". Seriam os integrantes otimistas demais? "Nossas letras são sobre pessoas que já tomaram muito balde de água fria. Mas o nome veio de uma letra que não entrou no CD, que fala "eu vivi melhores dias, dias que não voltam atrás". Tem mais a ver com nostalgia, mas é um jeito de ser otimista. Temos esse lance de não desistir. Usamos o passado como inspiração para o futuro." (LEANDRO FORTINO)

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