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CINEMA
Cansado de filmes nacionais que mais parecem novelas? Conheça dois longas-metragens que fogem dessa estética
Independência e morte
DA REPORTAGEM LOCAL
Nina vive um tormento. Cenas de um
assassinato não saem de sua cabeça, e ela leva em frente essa loucura.
Mas como Nina conseguirá conviver com a
culpa? Essa questão move o thriller psicológico "Nina", longa de estréia do diretor
pernambucano Heitor Dhalia, 34, que tem
estréia prevista para novembro.
A atriz Guta Stresser vive a protagonista,
uma garota desajustada que mora no centro de São Paulo, em um quarto alugado no
apartamento de dona Eulália (Myrian Muniz), velha rabugenta e alvo de toda a loucura de Nina. "Nina" é uma livre adaptação
do clássico da literatura russa "Crime e
Castigo", do escritor Fiódor Dostoiévski
(1821-1881), e conta com a participação de
Renata Sorrah, Matheus Nachtergaele, Selton Mello e Lázaro Ramos, entre outros.
"O filme começa com Nina em um estado
mental deteriorado. É um filme expressionista, é visto do ponto de vista dela. Quisemos fazer um filme mais fragmentado, para o público ter a sensação de estar em uma
cabeça doente. Não tem o conforto de uma
narrativa que conduz o espectador, do tipo
hollywoodiana", explica Heitor.
"Ela é uma menina que não tem grana,
que está passando fome, que vive em um
mundo exterior hostil e que se volta para o
mundo interior dela. É um momento que
todo mundo teve na vida, de mergulhar na
própria subjetividade. Na adolescência há
muito disso. Negar a realidade e mergulhar
no próprio universo."
Nina sofre horrores na mão de dona Eulália: sem dinheiro para pagar o aluguel,
passa fome e chega até a comer ração de gato. Sua vontade de matar a velha é imaginada por meio de desenhos sombrios do cartunista Lourenço Mutarelli.
"Quando veio a idéia de fazer o filme,
veio-me uma coisa de mangás japoneses. O
Lourenço já teve problemas psicológicos
como a Nina e foi muito influenciado por
Dostoiévski, por esse estado sombrio e expressionista. É interessante, porque "Nina"
foi feito antes de "Kill Bill", de Quentin Tarantino." (LEANDRO FORTINO)
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