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comportamento
Nunca fui beijado
Quando o assunto é beijo, a galera
teen se divide entre beijoqueiros de
plantão e curiosos inexperientes; só que
ninguém quer estar no segundo grupo
Karime Xavier/Folha Imagem
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A atriz Mayara Comunale, 13, é BV na vida real e interpreta uma menina que beija pela primeira vez no curta "Saliva" |
THIAGO BRONZATTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Ela é BV?!"
"Ééé!!! Nunca
beijou!"
"Putz! E agora?!"
Apesar de esse diálogo ser recorrente em rodinhas de fofocas das meninas ou entre os
marmanjos que pagam de garanhões-pegadores, o trecho acima compõe o roteiro do curta-metragem "Saliva", do cineasta
Esmir Filho, 24, que será exibido nesta quinta no festival de
cinema de Cannes.
Do mesmo autor do vídeo
"Tapa na Pantera", o hit brasileiro no YouTube, o filme conta
como Marina (Mayara Comunale), uma garota de 12 anos, é
pressionada a dar o seu primeiro beijo no experiente Gustavo
(Gabriel Cavicchioli).
O que deveria ser um sossego
se transforma num dilema: enfrentar a repulsa à saliva ou
continuar BV, isto é, boca virgem? "O primeiro beijo é uma
coisa muito falada. Sem dúvida,
é uma experiência muito marcante, inesquecível. O primeiro
beijo é uma maturação, uma
descoberta. Ao mesmo tempo,
pra alguns, ele pode ser um
monstro assustador", fala o cineasta (leia entrevista ao lado).
Seja devagar ou rápido, molhado ou seco, apaixonado ou
roubado, a sobreposição dos lábios contraídos agita as batidas
do coração e acelera a reação
química entre sais, gorduras,
água e cerca de 250 vírus e bactérias diferentes que se fundem
num único beijo. Eca!
Nojento ou não, o primeiro
beijo nem sempre é tão romântico e novelesco quanto parece
nos filmes. "O meu primeiro
beijo aconteceu quando eu tinha uns 8 anos. Foi no recreio
da escola, debaixo da escada.
Cheguei numa menininha bonita e disse: "E aí?! Vamos beijar?". Foi mecânico, um pouco
estranho", confessa Gabriel, 11,
o ator-mirim de "Saliva".
Experiente...
Luis Otávio de Carlo Oliveira, 17, prefere mil vezes beijar
alguém experiente a ensinar
uma BV. "Cara, as BVs não sabem o que fazem direito. Elas
ficam meio nervosas... Eu sei
que a primeira vez é tensa. Meu
primeiro beijo, por exemplo,
foi muito estranho. Eu tinha 14.
Mas, modéstia à parte, mandei
muito bem. Não fiquei nervoso.
Foi sussa...Agora já beijei umas
nove meninas. Me considero,
sim, experiente. Aliás, já experimentei vários tipos de beijos", gaba-se o estudante de
Marília, interior de São Paulo.
O fato de nenhum garoto ter
tocado nos lábios rosados de
Mayara, 13, é motivo de orgulho para a protagonista do curta. Segundo ela, ser taxada de
boca virgem não a incomoda
nenhum pouco. "Eu sou BV
mesmo. Nunca tive vontade de
beijar. Acho que sou muito nova, muito ingênua", diz a fã do
grupo NX Zero.
Aliada à atriz, a campineira
Isabela B. Gonçalves, 17, alega
que a maioria dos homens não
presta: "Eu não quero ser um
simples objeto de prazer pra
eles. Sabe, eu sei me valorizar.
Quero uma pessoa especial num momento especial".
Essa mesma bandeira é hasteada por Caroline Felinto, 12,
de Santo André: "Tô nem aí para o que os outros dizem de
mim. Eu só vou querer beijar
um moleque quando realmente
gostar dele. Ninguém vai me fazer mudar de opinião. De vez
em quando, minhas amigas me
enchem o saco. Dizem que é
bom beijar e blablablá. Sem
contar que elas ficam tentando
arrumar um garoto pra mim.
Não se conformam com isso".
Período de seca
Se, de um lado, o grupo feminino não se importa de esperar,
de outro, há meninos loucos
pra saírem do período de seca.
É o caso do mineiro Gustavo
Ricardo Pimenta, 15, que roga:
"Não é possível, véio. Deus tá de
sacanagem comigo. Só pode.
Acho que sou um repelente para as meninas".
Como o desespero gritou, o
estudante da oitava série resolveu tomar uma iniciativa. Apesar de a ousadia ser bem-vinda
(leia texto à direita), dessa vez
ele levou um tapa na cara ao
tentar beijar uma amiga.
"Estava infeliz com a minha
situação. Mas fiquei mal mesmo depois que descobriram
que sou BV. Tentei esconder de
todos. Como vazou, tenho que
agüentar a zoação geral."
Mas o que a galera comenta?
"Sei lá, me chamam de bicha...Fico pra baixo com isso",
desestimula-se. A adolescência
é mesmo uma barra...
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