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MÚSICA
Trio reivindica autenticidade com rap para pensar
Rimas consequentes
RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A música é uma das manifestações
culturais em que a liberdade de
expressão melhor funciona. O rap,
em especial, tem essa característica.
E o Consequência usufrui disso
aliando rimas inteligentes com belas batidas e samples de música brasileira e de jazz.
"Fazemos rap buscando sempre a
autenticidade, falando do que vivemos e sabemos", diz o DJ Ajamu,
27. O trio, da zona norte de São Paulo, é completado pela dupla de MCs:
Kamau, 27, e Sagat, 27.
No ano passado, o trio lançou o
sublime EP "Prólogo". A simples e
explicativa capa dá um resumo da
história dos caras. São somente três
quadrinhos com um desenho e um
número (76, 97 e 02) em cada um.
"76 é o ano do nosso nascimento,
representado pelo nascer do sol. 97
foi quando formamos o grupo para
"seguir" por esse caminho, por isso a
seta. 02 foi quando nossa música
saiu para o mundo, através do EP,
daí a caixa de som", diz Kamau.
Entre as influências, eles citam
Gangstarr, A Tribe Called Quest, De
La Soul, Tupac e Racionais MCs, de
quem o crédito é maior: Ajamu é irmão de KL Jay, DJ do Racionais.
"Faço rap porque ele foi a minha
maior influência e inspiração. Ele
me dá toques sobre música e me
empresta equipamentos quando
preciso", diz Ajamu.
Na música "Chegando", o grupo
versa: "Eu vejo uma pá de coisa errada sendo idolatrada/ E várias coisas certas sendo mal interpretadas".
Na sequência: "Rimar é fácil/ Difícil
é fazer pensar".
Kamau refere-se ao que as pessoas
julgam sem análise. "Tem coisa que
o Mano Brown fala, por exemplo,
que é mal-entendida. Muitos dizem
que ele faz apologia ao crime porque nunca pararam para analisar
suas letras", explica.
"Sem Chance" está para o Consequência como "Me Dê Motivo" estava para o mestre Tim Maia. O recado é para uma mina no fim de um
relacionamento, esbaldando sinceridade e com um refrão marcante.
Se são nova escola? "Somos novos, fazemos rap um pouco diferente do que era feito antigamente. Talvez por isso sejamos "nova escola".
Nossos contemporâneos Marechal,
Mzuri Sana, Ascendência Mista e
Jackson também são representantes
da "nova escola'", diz Kamau.
Já Sagat acha que existe confusão
sobre o assunto e diz que "tem gente
com vários anos de estrada sendo
rotulado assim por não se enquadrar no estilo de rap que rola nas rádios especializadas. Eu e o Ajamu
temos mais de dez anos de hip hop e
somos considerados "nova escola'".
"Fazemos letras com mensagens
positivas porque acreditamos que
cada um deve fazer sua parte para
conseguir o que quer. Queremos
que as coisas melhorem", afirma
Sagat, sobre as letras. E pontua:
"Não somos obrigados a ter um
conteúdo determinado só por sermos um grupo de rap".
Além do Consequência, todos eles
têm seus projetos paralelos. Sagat
tem o D.preto e o Guerreiros, que
lança CD no mês que vem.
Ajamu toca com o DJ Marco, o
baixista Sorry e o baterista Paulo
num grupo ainda sem nome e faz
parte do Banca Forte, formado só
por DJs. Kamau canta com o Instituto e com o Quinto Andar.
Contatos: www.bocada-forte.com.br/consequencia
cons7697@bol.com.br
Para ouvir a música "Ouvindo um Som",
com Consequência, ligue para 0/xx/11/
3471-4000 e digite 4 - Música. Custo: só o
da ligação.
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