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Talento hereditário
Eles são jovens, têm vocação e, por serem filhos de empresário de artista (ou do próprio artista), tiveram um "empurrãozinho" na profissão; mas sabem
que agora terão de mostrar serviço para sobreviver
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Marcelo Min/Folha Imagem
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Wanessa Camargo presenciou, aos 8 anos de idade, o sucesso do pai; despachada, esperta e de fala rápida, ela pretende lançar seu primeiro CD em outubro |
LUÍS PEREZ
EDITOR-INTERINO DE VEÍCULOS
Eles são jovens, talentosos e conhecem muita gente importante do meio artístico,
no qual estão começando a se aventurar. Para ajudar, ainda são filhos de quem
são. Ajuda? Ser filho de empresário bem-sucedido ou artista famoso pode ser mais
um complicador do que algo favorável. Exemplo: despertar preconceito -na linha
"fulano é filhinho de papai"- ou ciúme em família -se o sucesso suplantar o do
pai, a exemplo de o que parece estar acontecendo hoje com Sandy e Júnior, filhos
do sertanejo Xororó.
Quando começou a trabalhar no primeiro disco, que está sendo lançado agora
pela Sony Music, o grupo KLB -formado pelos irmão Kiko, 21, Leandro, 19, e Bruno, 16- sabia que seria recebido com antipatia.
Mas os ventos a favor sopraram mais forte. Afinal, showbiz não é novidade para
eles. Desde criança, convivem -em casa, inclusive- com figuras como Fabio Jr.,
Lulu Santos, Leandro e Leonardo, Zezé Di Camargo e Luciano, Manolo Otero, entre outros que o pai empresariou ou simplesmente conheceu.
O pai é Franco Scornavacca, que empresaria Zezé e Luciano, o grupo Exaltasamba e, agora, o KLB, que começou a ser formado há 16 anos -quando Kiko tinha 5 e
Bruno nascia.
"Uma coisa é conviver no meio artístico, para não deslumbrar. É diferente estar
atrás do palco e, depois, em cima dele, sendo o artista", diz Kiko, o "K". "Mesmo assim, não fiquei nervoso em nenhum programa até hoje. Mas não acredito que tenha sido por ter convivido com artistas", afirma o irmão mais velho, que confirma
o convite que o grupo recebeu para cantar no próximo Rock in Rio.
Segundo ele, o pai até agora era mais um "desincentivador" da carreira do que
outra coisa. "A gente sempre quis lançar um disco, meu pai é que não deixava. Tesourava, dizia "ainda não". Sempre foi nosso sonho. Acho que, quando se trata do
lado profissional, ele é mais rígido com a gente do que com os outros."
"Minha situação é muito delicada. Convivi sempre com grandes estrelas. E a gente
conquista um crédito", diz Scornavacca, o pai, que também foi cantor nos anos 70.
Quem incentivou o lado musical dos filhos foi a mãe, Regina. Kiko toca guitarra,
Leandro, bateria, e Bruno, contrabaixo. "Eles não estariam hoje aqui se não tivessem o
talento e competência." Tanto é que, quando apresentou a fita demo à gravadora,
Scornavacca omitiu o fato de serem seus filhos.
"Antes de qualquer coisa, a gente é músico", acrescenta Kiko, de violão no colo, cantando com os irmãos no meio da entrevista. Na semana passada, a balada romântica
"A Dor desse Amor", lançada como música de trabalho, alcançou o primeiro lugar em
São Paulo e Curitiba, terceiro em Florianópolis e Salvador e oitavo em Porto Alegre.
Foi também, na semana passada, a oitava música mais pedida do "Disk MTV" e décima no "Top 20 Brasil", dois programas da MTV.
A Sony, que lançou o CD com 100 mil cópias, já pensa que esse número pode chegar
a 1 milhão -nada mau para o primeiro trabalho. O passo seguinte é começar a fazer
shows.
E se o sucesso subir à cabeça? "É horrível", reage Kiko. "Se você faz sucesso, é por
causa do público. O mais importante é dar atenção. Vou dar autógrafo, não importa se
estou ou não de saco cheio. O operário de saco cheio não tem de apertar parafuso? O
dia em que estiver de saco cheio vou ter de atender meu público."
Com toda a bagagem, apesar de ser o primeiro disco, não faltam histórias para contar. Leandro, por exemplo, evitou que um show de Zezé Di Camargo no Olympia fosse
cancelado em cima da hora. Havia morrido o filho do baterista, e Leandro substituiu o
músico. Ele falou para o pai: "Pai, deixa que eu faço isso aí". "E o show do Zezé é complicado", baba Scornavacca. "No nosso disco, tem cordas, batera, vocal, tudo a gente
que faz", conta Leandro.
Há também composições deles no CD. Kiko escreveu "Ainda Vou Te Encontrar"
depois de perder a namorada em um acidente de carro. "Foi um desabafo."
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