São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 2000


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PERFIL

GAROTO DE 17 ANOS QUER SER O REI DO "CINEMA NOJO"
Bruno Martino

Aquela velha história de "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça" continua incentivando muita gente. É o caso do estudante carioca Bruno Combat Martino, 17, que parece ser a "versão 2000" de José Mojica Marins, o criador do Zé do Caixão. Bruno tem paixão por terror e já fez mais de dez filmes, todos envolvendo canibais, monstros assassinos e muita gosma.
O garoto, assim como Mojica fazia quando adolescente, reúne os amigos, bola um roteiro e manda ver nas filmagens. E nem se dá ao luxo de dizer que seus filmes tem orçamento baixo. Seus orçamentos são, literalmente, zero.
A história começou quando Bruno viajou para o exterior com a família, há sete anos. Na viagem, ganhou do pai uma filmadora e fez sua "estréia" como diretor e ator no próprio quarto do hotel. Com os lençóis, improvisou uma roupa de samurai e lutou contra ele mesmo. "Não tinha enredo, era só ação ", diverte-se.
Quando voltou ao Brasil, começou a trabalhar em suas "comédias de terror". "O primeiro filme que fiz quando voltei era sobre um detetive meio atrapalhado (eu), que era chamado pelo chefe (eu também, mas com algodão no rosto) para resolver uns casos meio esdrúxulos. Não me lembro direito da história, porque perdi essa fita e nunca escrevi roteiros. Inventava tudo na hora." Os assassinatos eram geralmente cometidos com facas. Tiros exigiriam muita "tecnologia". O sangue? Ketchup, claro.
Bruno começou a se interessar por filmes de terror quando viu "A Neblina", de John Carpenter, mas foi depois de assistir a trilogia "Uma Noite Alucinante", de Sam Raimi, que o gênero virou sua paixão.
Bruno reclama da dificuldade em conseguir cópias de clássicos, como os filmes de Bela Lugosi e de Zé do Caixão. Deste segundo, Bruno só conseguiu assistir a "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", de 1968, e "Finis Hominis", de 1971. Esses dois já foram suficientes para transformar Mojica em seu ídolo: "Os filmes dele são perfeitos. Divertidos, assustadores e baratos. É tudo que um filme tem de ser", ensina. Sobre outro ator clássico, Boris Karloff, Bruno é cruel: "Acho meio lento, sem graça".
Bruno vai prestar vestibular para cinema e língua japonesa. "Sempre gostei de coisas do Oriente, inclusive dos filmes de Jackie Chan", diz, referindo-se ao ator chinês que não usa dublês em seus filmes.
Bruno acabou recentemente as filmagens de "Dia das Bruxas Macabro", paródia do filme "Halloween". "Não tento fazer filmes sérios, porque todo mundo iria rir, então apelo para o trash", diz. E sobre futuros projetos? "Quero juntar dinheiro para consertar minha câmera, que quebrei com uma bolada no fim das filmagens." Quem quiser trocar uma idéia com Bruno pode escrever para tipoc-pictures@yahoo.com.


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