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Música
Um Jorge Mautner incomoda muita gente
Maldito da MPB lança seu disco mais pop
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para ser rebelde não
basta ter espinhas no
rosto, cara de mau e
uma guitarra na mão.
O "maldito" da MPB
Jorge Mautner, com seu violino, rugas e cara de tiozinho da
praça, incomoda muito mais.
O cantor, compositor e escritor, que completa 66 anos nesta
quarta, lança o disco "Revirão",
em que une duas pontas de gerações ligadas à transgressão:
de gente graúda da tropicália,
como Caetano Veloso e Gilberto Gil, à nova e descolada turma
que sabe reprocessar a música
brasileira com a modernidade,
como Kassin, Berna e Domenico. É seu disco mais pop.
E por que ele é tão "maldito"?
Se formos levar em conta "apenas" sua produção, é preciso
lembrar que ele atua no cenário
cultural desde o fim dos anos
50. Precoce, aos 15 anos começou a escrever "Deus da Chuva
e da Morte", que influenciou de
Glauber Rocha a Caetano Veloso; filosofia, marxismo, taoísmo faziam sua cabeça.
Na música, estreou só em
1972, mas não facilitou as coisas: suas canções sempre foram
rebuscadas, anti-pop, seja pela
sua voz, quase desafinada, seja
pelo violino estridente. É dele
"Maracatu Atômico", que mexeria com outro artista cabeça,
Chico Science. Com "Revirão",
o caos chega de mansinho.
REVIRÃO
Jorge Mautner
www.jorgemautner.com.br
Ouça:
"Ressurreições"
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