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Namorado em dificuldades
bota toda a culpa na sogra
ROSELY SAYÃO
especial para a Folha
"O tempo passa, os valores mudam, e ainda há pessoas que submetem os filhos a valores retrógrados. Uma mãe que não conversa
sobre sexo, não informa nem conta suas experiências para a filha tem o direito de amedrontá-la e reprimi-la quanto ao sexo, fazendo com que ela fique sem jeito até de perguntar sobre menstruação? Os filhos muito apegados aos pais consideram as palavras deles
como lei. Mais tarde podem se dar conta de
que deveriam ter questionado tudo isso, mas
20 anos vivendo nessa mentalidade e submissão mental não é muito para uma garota que
vive quase no século 21? Minha namorada é
assim. Sempre a respeitei porque a amo, mas,
infelizmente, a sogra vem junto! Há algum remédio para aprender a lidar com sogras?"
²
resposta Resumindo: você está apaixonado
pela namorada e morrendo de vontade de ter
intimidade sexual com ela, mas não está conseguindo porque a educação que ela teve foi
muito repressora quanto ao sexo. Aí vem você
e coloca toda a culpa das dificuldades sexuais
de sua namorada, e as suas, na mãe. Nem pensar! Os pais, que já foram crianças e adolescentes, também estiveram submetidos a um
certo tipo de educação sexual, que receberam
dos pais deles, os atuais avós, que por sua vez
também... E eles, meu caro, fizeram o que puderam com e pelos filhos, considerando os limites deles. Além disso, eles não estiveram
sozinhos nessa, pois vivem em uma sociedade. Por isso pode deixar a mãe de fora e enfrentar, junto com sua namorada, o problema
que é de vocês.
A mãe de sua namorada não conversa com
ela sobre sexo? Converse você, então! E as
amigas dela não podem bater um papo legal
sobre o assunto? E os livros que existem, os
profissionais que trabalham com esse tema?
Por falta de canal é que ela não vai ficar sem
falar no assunto. Não tem coragem? Ah, bom,
então o problema é outro. Aos 20 anos ela ainda está submetida, como você disse, ao que
pensa a mãe. Esse é o problema, e não a mãe.
Chega uma hora em que os jovens precisam
decidir o que vale e o que não vale para a vida
deles. É a hora da ruptura com o jeito de viver
e pensar dos pais, de seguir o próprio caminho, de pensar e agir de maneira independente. Fácil não é, mas é preciso. Se isso não ocorre, lá fica o cara ou a moça vivendo na lamentação, colocando a culpa nos pais, mas vivendo como eles. Melhor cair na real, concorda?
Que tal ajudar a garota a crescer e caminhar
junto com ela?
Rosely Sayão, 48, é psicóloga e autora dos livros "Sexo é Sexo" (ed. Companhia das Letras, 1997) e "Sexo: Prazer em Conhecê-lo" (ed. Artes e Ofícios,
1995). Se você tem dúvidas sobre sexo, escreva para o Folhateen ou mande
sua mensagem pela Internet para o e-mail roselys@uol.com.br
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