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Sexo
Despir o corpo sem despir a alma não garante intimidade ao casal
ROSELY SAYÃO
especial para a Folha
"Tenho 17 anos e comecei a transar a partir
dos 6 meses de namoro, sempre com camisinha. Apesar de as transas acontecerem de vez
em nunca, eu sempre me sinto usada, pois,
após a transa, parece que nada aconteceu: ele
nem toca no assunto e começa a falar de outras coisas. Fico assim durante dias, me sentindo mal, com vontade de terminar, sem
vontade de sair da cama de manhã. Isso é normal? Transamos, mas nunca conversamos sobre sexo, pois não temos intimidade para isso.
Tenho medo de começar a me expressar, e ele
estranhar. Seria melhor terminar o namoro?"
resposta Terminar o namoro quando você
percebe a chance de estabelecer um relacionamento com o namorado? Nem pensar! A não
ser que você queira terminar tudo e esteja só
querendo uma boa desculpa. É hora de enfrentar o bicho, já que você viu que ele existe.
Você acaba de entender o que muitos não
conseguem ver durante a vida toda: para ter
intimidade com o parceiro, é preciso muito
mais do que despir o corpo e transar. É preciso falar, ouvir, despir a alma e expor as emoções, os medos, as angústias e tudo o que você
pensa a respeito da vida, incluindo o sexo.
Já pensou quantos problemas seriam poupados, se as pessoas transassem quando tivessem conseguido essa intimidade, consigo
mesmas e com o outro? Muitas garotas não teriam engravidado, muitos jovens teriam economizado noites e noites de insônia e encanação, muitas doenças não teriam passado de
uma pessoa para a outra.
Por onde começar? Você diz que se sente
usada. Na verdade você está se deixando usar
e depois se arrepende. Então o começo é por
aí mesmo: você acertando o passo com você
mesma. Afinal, você quer ou não quer transar? Se não quer, pode parar já com as transas,
mesmo que aconteçam de vez em nunca. E, se
quer, mas com conversa junto, precisa dar o
primeiro passo, ou seja, as primeiras palavras.
E o que você faz com o medo que sente que
ele a estranhe? Precisa superar. Isso nada mais
é do que o receio de que ele desista. Mas, se
você já sacou que você mesma prefere desistir
a continuar assim, melhor arriscar acertar o
passo com ele. Ou, se não der, sem ele. Mas
uma coisa você já sacou: com ou sem intimidade, se há sexo, precisa haver camisinha. Vamos lá, coragem que você está no caminho!
Rosely Sayão, 47, é psicóloga e autora dos livros "Sexo é Sexo" (ed. Companhia das Letras, 1997) e "Sexo: Prazer em Conhecê-lo" (ed. Artes e Ofícios,
1995). Se você tem dúvidas sobre sexo, escreva para o Folhateen ou mande
sua mensagem pela Internet para o e-mail roselys@uol.com.br
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