São Paulo, segunda-feira, 15 de junho de 2009

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CARREIRA

Trainee de diplomata

Programa Jovens Embaixadores premia 35 alunos do ensino público com uma viagem de três semanas aos Estados Unidos

PAULA ADAMO IDOETA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A baiana Laíze Lantyer, 24, dividiu um hotel em Trinidad e Tobago com gente como Barack Obama, Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez. Mas nem ela nem os presidentes estavam curtindo as férias no Caribe -estavam na Cúpula das Américas, que, em abril, debateu políticas para o continente.
Laíze é uma estudante de direito que sempre gostou de diplomacia. Esse interesse ganhou um empurrão depois de ela participar, em 2004, do programa Jovens Embaixadores, promovido pela Embaixada dos EUA no Brasil.
Em janeiro de 2010, mais 35 estudantes com idades de 15 a 18 anos e matriculados em escolas públicas irão aos EUA por três semanas pelo programa.
"Muitos jovens têm interesse por relações internacionais, mas não têm condições de viajar ao exterior para exercer isso", explica Laíze, que, após o programa, começou a ser convidada pela Embaixada dos EUA para participar de eventos como a Cúpula das Américas.
Lançado em 2003, o Jovens Embaixadores inclui uma semana em Washington, com palestras, visitas a lugares históricos, como a Casa Branca, e simulações de debates diplomáticos como os que ocorrem na ONU. Inclui também duas semanas no interior dos EUA.
Nessa segunda etapa, os jovens se hospedam com famílias americanas, frequentam escolas locais e fazem apresentações sobre o Brasil.
"Tentamos mostrar a diversidade do país", conta a gaúcha Vanessa Milost, que passou seu aniversário de 16 anos em Washington, em janeiro, e ficou as duas últimas semanas do programa em Charlotte, Carolina do Norte. "Falamos tanto do Pantanal como de São Paulo. Um garoto americano não sabia que tínhamos Blockbuster em Porto Alegre", comenta.
Vanessa e seus 34 companheiros da turma de 2009 assistiram nos EUA à posse de Obama. "É incrível pensar que aquele momento entrou para a história, e eu estava lá", lembra o baiano Janssen Villian, 17, que após o programa ganhou uma bolsa para estudar inglês por três meses nos EUA.
É claro que, por ser patrocinado pelo governo americano, o programa também almeja despertar simpatia pelos EUA. "Muitos de nós viajamos com aquele sentimento de que os americanos são metidos e burros, mas voltamos diferentes. Aprendemos que cada indivíduo é único, que lá também há muitas realidades diferentes", diz o paulistano Laerte Rosato, 25, que viajou em 2003.
Outra meta do programa é estimular a liderança juvenil. Então, depois de voltar da viagem, fica o desafio: ir além da diplomacia e colocar em prática projetos reais de mudança.
Ellen Barbosa, 16, embaixadora em 2009, foi professora de inglês voluntária em Santa Isabel (SP) e agora quer montar um grupo de jovens voluntários para promover atividades culturais na cidade.
Outros participantes se uniram em uma associação que pretende se dedicar a trabalhos sociais e diplomáticos. "Viajar e ver o mundo também dá vontade de mudar o seu mundo, a sua comunidade", diz Vanessa.


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