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SAÚDE
60% dos novos doentes têm menos de 24 anos
Aids faz 6.000 vítimas jovens todos os dias
JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE BARCELONA
Preste bem atenção: seis em cada dez
novas infecções pelo vírus HIV no
mundo estão acontecendo em pessoas
com menos de 24 anos. São mais de 6.000
jovens infectados todos os dias. Se, em
2002, há 13,5 milhões de garotos e garotas vivendo com o vírus causador da
Aids, no final desta década, esse número
poderá chegar a 21,5 milhões.
Esses dados alarmantes foram divulgados durante a 14ª Conferência Internacional de Aids, que aconteceu em Barcelona na última semana.
Em países africanos como Botsuana,
África do Sul e Zimbábue, de 30% a 45%
dos adolescentes estão infectados pelo
HIV. O número de garotas infectadas é o
dobro do de garotos.
No Brasil, a porcentagem de jovens entre 15 e 24 anos que estão com o vírus é de
0,5% e a porcentagem de garotos e garotas é praticamente a mesma.
Mas, mesmo em países em que a taxa
de infecção é baixa se comparada aos
africanos, como nos EUA, metade das
novas infecções acontece entre jovens e
ainda há muitos problemas a enfrentar.
Populações carentes tanto em países
pobres como as que vivem em condições
marginalizadas em países ricos estão sob
maior risco. Nos EUA, por exemplo, a
Aids hoje é a principal causa de mortalidade entre os jovens negros.
No Brasil, segundo Paulo Teixeira,
coordenador nacional do programa de
DST/Aids, apesar da estabilização da
epidemia entre os jovens, algumas populações específicas exigem mais cuidado.
Adolescentes infratores presos, jovens
carentes das periferias das grandes cidades e rapazes homossexuais precisam de
projetos que garantam maior atenção.
Os especialistas apontam que o único
caminho para modificar essa situação no
mundo é investir em educação (dentro e
fora das escolas), fazendo trabalhos de
prevenção e formando redes de trabalho
com os próprios jovens.
Uma das iniciativas que mais chamaram a atenção em Barcelona foi a do programa Lovelife (Ame a Vida), implantado na África do Sul desde 1999.
A África é o continente que mais tem
jovens infectados pelo HIV. O programa
realizou-se por meio de uma parceria do
governo sul-africano com ONGs locais e
fundações americanas. Ele inclui um forte trabalho em todos os segmentos da
mídia, a criação de 5.000 clínicas para
adolescentes, a abertura de centros de juventude e a realização de jogos esportivos nacionais e de grandes shows.
Em 2001, um trabalho preliminar
apontou que 62% dos jovens sul-africanos conheciam o Lovelife e que 65% desses relataram ter mudado seu comportamento após o início do programa.
Mayan-Peri Schweiss, 17, é uma das
participantes. Ela está cursando o último
ano do ensino médio e já trabalha na
área de mídia do projeto, participando
de um programa de TV que mostra a vida dos jovens sul-africanos. Extrovertida
e comunicativa, ela garante que foi o Lovelife que mudou sua vida.
Essa é a chance que países como a África do Sul têm de mudar sua situação. Estimativas mostram que, se nada for feito,
metade dos jovens do país vai morrer
por causa da Aids nos próximos anos.
Outra iniciativa lançada em Barcelona
foi uma associação da MTV com fundações americanas. O primeiro evento da
parceria foi a gravação de um especial
chamado "Staying Alive", em que jovens
de 25 países fizeram perguntas sobre
Aids para o ex-presidente americano Bill
Clinton, para o ator inglês Rupert Everett, para o diretor da Unaids, Peter Piot,
e para Paulo Teixeira, coordenador do
programa de DST/Aids do Brasil.
"Staying Alive" será transmitido para
165 países e deve atingir um público potencial de 1 bilhão de jovens. Depois dele,
virá uma campanha especial. No Brasil,
você poderá assisti-lo no dia 20.
JAIRO BOUER viajou a Barcelona a convite do Laboratório Abbott
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