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Protagonismo juvenil abre as portas para o mercado
Boa ação todo dia
DA REPORTAGEM LOCAL
Da vontade de fazer até o fazer de
verdade é uma caminhada que
pode ter muitos roteiros.
Mesmo tendo de percorrer o tortuoso e enfadonho caminho da burocracia, há aqueles que não se
amedrontam e decidem montar a
própria ONG. Criado dentro dos
conceitos do escotismo, o estudante de computação Mateus Fernandes, 21, quis levar a tradicional boa
ação do dia para mais lugares ao
mesmo tempo, sob o título de protagonismo juvenil, que coloca o
participante como agente modificador da realidade.
Montou com amigos escoteiros,
há três anos, o Grupo Interagir,
com sede em Brasília (DF), que trabalha na realização de projetos culturais, sociais e ambientais criados
por grupos de jovens. "Hoje é possível sobreviver de fazer projetos
sociais. O problema é que ainda
não temos um patrocinador institucional", diz Mateus.
Há quem siga as placas do trabalho voluntário, como o estudante
de publicidade e propaganda
Eduardo Santaela, 22, que há dois
anos se inscreveu como militante
do Greenpeace, ONG que atua no
mundo inteiro lutando por causas
de proteção do ambiente.
Eduardo participou de manifestações e, a partir do contato mais
próximo com a direção da entidade, foi convidado a estagiar. "Já trabalhei em agência de publicidade e
é muito diferente. Aqui você se
sente mais incentivado a participar. O trabalho não é pelo dinheiro, é pela causa", compara ele.
Outro com história parecida é o
estudante de administração Mário
Leoni Kabili, 23, que também estagia no Greenpeace, no setor administrativo. "Nunca mais vou trabalhar em empresas privadas, mesmo ganhando abaixo da média de
mercado. Não adianta eu trabalhar
numa área em que eu não acredite", explica ele, que ainda milita e
pretende fazer uma pós-graduação
em questões ambientais.
Já os alunos do terceiro ano do
ensino médio Edilene da Silva Oliveira, 18, e Petrônio Duarte Júnior,
16, conseguiram um trabalho temporário na ONG Alfabetização Solidária por meio de concurso. Eles
são professores alfabetizadores nas
cidades onde moram. Ela é de Coremas, e ele, de Arara, ambas na
Paraíba. "Não tenho muita ambição por dinheiro. Tenho vontade
de ser professora e essa oportunidade serviu para sentir o gostinho e
ver que as pessoas que trabalham
em ONG têm muito amor por
aquilo que fazem", conta Edilene.
Os que vão por um caminho paralelo (não montam ONGs nem
trabalham para elas, mas junto
com elas) são o terceiro grupo dessa trilha. Um desses projetos parceiros é o grupo Cultura de Periferia, que atua no Jardim São Savério, zona sul de São Paulo, que tem
apoio da ONG Ação Educativa.
O Cultura de Periferia trabalha
divulgando os costumes afro-brasileiros e espera fechar um acordo
para fazer isso nas escolas públicas
da capital paulista. "Quando a gente conseguir isso, vai ser uma vitória", suspira Gláucia dos Santos,
20, uma das integrantes. Que todos
vençam.
(RICARDO LISBÔA)
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