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SEXO & SAÚDE
"Sexo oral transmite alguma doença? Eu
não fiz sexo oral na pessoa, mas a pessoa
fez em mim. Não consigo tirar essa dúvida
da minha cabeça. Estou preocupado!"
Sexo oral também transmite DSTs
JAIRO BOUER
O que a maior parte dos estudos aponta é
que o sexo oral, de fato, pode ser considerada uma prática sexual de risco, ou
seja, pode expor a pessoa à contaminação por uma série de DSTs (doenças
transmitidas pelo sexo), inclusive a Aids.
O ideal seria mesmo que as pessoas usassem barreiras também na prática do sexo oral. Um homem
que pratica sexo oral em uma mulher poderia optar
por colocar uma camisinha cortada (de preferência
com algum sabor e sem espermicidas ou lubrificantes, que podem trazer um gosto muito ruim). Outra
opção é a colocação de um pedaço de filme plástico
(desses que sua mãe usa para embrulhar alimentos)
também na entrada da vagina.
No caso de a mulher praticar o sexo oral no homem, o ideal é que ela coloque o preservativo no pênis, desde o início, para evitar o contato direto do
pênis com a mucosa (revestimento) da boca.
Mas será que o sexo oral é mesmo perigoso? Práticas sexuais como sexo vaginal ou sexo anal desprotegidos trazem muito mais risco à transmissão de
DSTs do que o sexo oral. Por outro lado, já foram
descritos pequenos surtos de doenças como gonorréia e sífilis, em comunidades mais fechadas, causados pela prática de sexo oral desprotegido.
Em relação à Aids, a discussão é mais complicada.
Alguns trabalhos demonstraram que, em laboratório, o vírus HIV poderia atravessar a
mucosa da boca e levar à doença. Do
ponto de vista prático, é complicado
provar que alguém se contaminou
realmente só pelo sexo oral, já que as
pessoas tendem a misturar diversas
formas de sexo ao mesmo tempo.
Existem pouquíssimos casos descritos na literatura médica de pessoas
que teriam, comprovadamente, se
contaminado por sexo oral. Mas
muitos desses depoimentos dão
margem à dúvidas.
Outra dúvida freqüente diz respeito a quem faz e a quem recebe o sexo
oral. O maior risco parece estar com
quem pratica, já que é essa pessoa
que tem contato mais íntimo com as
secreções. Quem recebe o sexo oral
entra em contato apenas com a saliva
de quem está praticando, o que reduz muito a chance de infecção. Mas
não vamos esquecer do herpes, na
boca ou no órgão genital, que também pode ser transmitido. Nesse caso, quem faz ou quem recebe corre
riscos semelhantes. De qualquer forma, é bom não vacilar! Se o risco
existe, por que não se proteger?
Jairo Bouer, 38, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br
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