São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2004

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ESCUTA AQUI

Cenas de um festival

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Uma das principais atrações do ramo jazz do evento -talvez a principal delas- não gosta do público e pergunta: "Quanto custa o ingresso para isso aqui? Deve ser barato, porque nunca vi tanta gente feia e malvestida". Quanta simpatia...

 

Mani, baixista do Primal Scream, elogia o Brasil na porta do camarim: "Tudo é perfeito: o clima, as praias, as mulheres, as...." Não completou.
  A divindade PJ Harvey, exausta após o show, sai de mãos dadas com um tiozinho (dedos entrelaçados e tudo) rumo à van que a devolveria ao hotel. Andando com dificuldade, ela carrega no ombro direito uma sacola da melhor loja de discos do mundo, a Amoeba, da Califórnia.
 

Figura do rock paulistano cruza com "Escuta Aqui" e pergunta: "Aonde você vai?". Respondo: "Ao show do Primal Scream". Ele: "Vou passar na Bebel Gilberto; se estiver chato, vou pro Primal." Menos de cinco minutos depois, a figura já está na platéia do PS.
 

Gary e John, do Libertines, circulam pelos bastidores enlameados segurando xícaras de... chá.
  Falando em Libertines, a platéia vibra loucamente na primeira música. Na segunda, menos. Na terceira, as pessoas começam a pensar na vida. Chega um momento em que só o "núcleo duro" da base de fãs da banda -aqueles que gostariam de qualquer coisa que rolasse- presta atenção ao que está acontecendo. Os comentários se repetem: "Não é ruim, é só chato", "Parece banda brasileira", "As músicas são muito fracas". A velocidade com que a informação se propaga é, hoje, um fenômeno tão interessante que, às vezes, a gente esquece que, na hora de avaliar uma nova banda, o que conta mesmo é a música. A rapidez com que os Libertines ficaram famosos é mesmo assustadora, digna de estudo, mas isso não faz deles um grande grupo. Eles não são nada -são mais ou menos, uma banda qualquer. Como dizem lá longe: "Try harder next time, guys".
 

Mancada em "Escuta Aqui". Na semana passada, escrevi que os Delays, uma cópia contemporânea dos Cocteau Twins, têm "vocal feminino". Leitores atentos avisam que aquela voz fininha é, na verdade, de um moço, Greg Gilbert. OK, corrigido, mas, na boa, esse Greg faz o Édson Cordeiro parecer o Jamelão.

Álvaro Pereira Júnior, 41, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo E-mail: cby2k@uol.com.br

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