São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

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Coletivos exploram o mix de som e de imagens para intensificar a experiência sensorial nas pistas

Sincronicidade

ADRIANA FERREIRA
DO GUIA DA FOLHA

Qual o freqüentador de festas de música eletrônica, ou até mesmo de shows de rock, que nunca se pegou boquiaberto de olho no telão? Pois a música e a imagem formam um casal desde os tempos do cinema mudo, época em que as bandinhas atrás da cortina faziam ao vivo a trilha sonora dos filmes.
O que há de novo é o formato é como esses elementos estão sendo combinados. O melhor exemplo desse novo conceito é o trabalho dos ingleses do Coldcut. Assistindo aos shows da dupla, o público fica em dúvida se o som vem do telão ou se é a música que determina a seqüência das imagens, tamanha a sincronia entre elas. E essa nova forma de criação se espalha rapidamente por grupos de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais, Estados onde o Folhateen encontrou grupos engajados nessa experiência.
O personagem determinante nessa história é o VJ. Não a figura que apresenta videoclipes na televisão, mas o responsável pelas projeções nas festas de música eletrônica. A popularização dos videojóqueis colocou à disposição dos artistas uma leva de instrumentos para produzir, editar e manipular as imagens. As baladas provaram ser o lugar ideal para mostrar esse trabalho.
"Qual o sentido da imagem na pista de dança se ela não estiver conectada à música?", questiona o VJ Alexis. Pois, assim como ele, outros VJs descobriram que a parceria com os músicos incrementa às projeções.
Para a professora Christine Mello, que desenvolve uma pesquisa sobre artemídia na PUC de São Paulo, a música eletrônica popularizou a idéia de um único artista comandando a festa, mas as pessoas sentem falta do espetáculo. "Com a participação dos VJs, a música eletrônica voltou a ter a dimensão da performance", explica Mello.
A novidade não se restringe à eletrônica. O grupo de rap Z'África Brasil engatou uma parceria com o coletivo de VJs do Embolex e adotou projeções em todos os seus shows. "Trabalhamos como em uma cooperativa, eu participo do trampo deles, e eles, do nosso", conta o rapper Gaspar.



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