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Coletivos exploram o mix de som e de imagens para intensificar a experiência sensorial nas pistas
Sincronicidade
ADRIANA FERREIRA
DO GUIA DA FOLHA
Qual o freqüentador de festas de música
eletrônica, ou até mesmo de shows de
rock, que nunca se pegou boquiaberto de
olho no telão? Pois a música e a imagem
formam um casal desde os tempos do cinema mudo, época em que as bandinhas
atrás da cortina faziam ao vivo a trilha
sonora dos filmes.
O que há de novo é o formato é como
esses elementos estão sendo combinados. O melhor exemplo desse novo conceito é o trabalho dos ingleses do Coldcut. Assistindo aos shows da dupla, o público fica em dúvida se o som vem do telão ou se é a música que determina a seqüência das imagens, tamanha a sincronia entre elas. E essa nova forma de criação se espalha rapidamente por grupos
de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais, Estados onde o Folhateen encontrou grupos engajados nessa
experiência.
O personagem determinante nessa história é o VJ. Não a figura que apresenta
videoclipes na televisão, mas o responsável pelas projeções nas festas de música
eletrônica. A popularização dos videojóqueis colocou à disposição dos artistas
uma leva de instrumentos para produzir,
editar e manipular as imagens. As baladas provaram ser o lugar ideal para mostrar esse trabalho.
"Qual o sentido da imagem na pista de
dança se ela não estiver conectada à música?", questiona o VJ Alexis. Pois, assim
como ele, outros VJs descobriram que a
parceria com os músicos incrementa às
projeções.
Para a professora Christine Mello, que
desenvolve uma pesquisa sobre artemídia na PUC de São Paulo, a música eletrônica popularizou a idéia de um único
artista comandando a festa, mas as pessoas sentem falta do espetáculo. "Com a
participação dos VJs, a música eletrônica
voltou a ter a dimensão da performance", explica Mello.
A novidade não se restringe à eletrônica. O grupo de rap Z'África Brasil engatou uma parceria com o coletivo de VJs
do Embolex e adotou projeções em todos os seus shows. "Trabalhamos como
em uma cooperativa, eu participo do
trampo deles, e eles, do nosso", conta o
rapper Gaspar.
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