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música
Vamo batê coco
Pernambucanos redescobrem as raízes e a tradição musical e espiritual de um antigo estilo
ALEX ANTUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM ARCOVERDE (PE)
Há 50 anos um clichê pop diz que a
adolescência é a
época de negar os
valores tradicionais e cair de cabeça no rock, na
rebeldia... Mas, nesses 50 anos,
as coisas mudaram um pouco.
Apesar de alguns surtos periódicos de inconformismo, como
o punk, o próprio rock virou
tradição. E, depois de palavras
como "irreverência" e "atitude"
virarem lugar-comum publicitário, também não se pode dizer que a palavra "rebelde" viva
os seus melhores dias.
Dois grupos de coco de Pernambuco (leia mais sobre esse
ritmo no texto ao lado), o Bongar e o Samba de Coco Raízes
de Arcoverde, mostram uma
outra forma de radicalismo
adolescente: o da redescoberta
das raízes e da tradição musical
e espiritual. É o caso de Damares Calixto, 17, Ítalo Silvério, 15,
e Dayane Calixto, 20.
Nos ensaios públicos do Raízes de Arcoverde, uma das primeira coisas que se nota é a
presença, ao lado dos membros
veteranos, de crianças e jovens.
Olhando para a pequena Joaninha, de um ano e seis meses,
que arrisca os primeiros passos, Dayane lembra: "Eu entrei
no grupo com seis anos". Hoje
ela é a principal dançarina.
Ao lado de Damares, que toca
ganzá, Dayane já se apresentou
na Bélgica, na Noruega, na
França, na Alemanha e na Itália. O dançarino Ítalo ainda não
saiu em turnê, mas não vê a hora: "Já sonhei que estava na
França", conta.
No Brasil, o Raízes de Arcoverde muitas vezes se apresenta com bandas de rock ou de
pop -como o Cordel do Fogo
Encantado, que é o grupo mais
conhecido da cidade.
Shows como os do RecBeat,
festival de Recife, já provaram
que a pegada da banda não fica
a dever nada ao rock. Quando
chegou para passar o som em
sua primeira participação no
festival, o grupo foi gozado pelos técnicos, que disseram que
eles "não tinham instrumentos". Mas, depois de mostrarem
a sonzeira que tiram apenas
com percussão e voz, além dos
tamancos característicos do
grupo, o pessoal da técnica pediu desculpas e ainda comprou
CDs do Raízes.
A reação do público foi tão
entusiástica que o grupo tocou
três vezes seguidas no festival.
Já o grupo Bongar foi fundado há seis anos por Guitinho da
Xambá, 24. Ele saiu de Olinda
ainda garoto para correr mundo e se envolver com teatro,
dança e poesia. Quando voltou,
começou a convencer os primos a formar um grupo.
Inicialmente os amigos não
gostaram das idéias de Guitinho. "Eles já tinham me convidado pra tocar em grupos de
pagode e de axé, e eu não tinha
me interessado", conta. "Quando voltei com a proposta de
montar um grupo para tocar o
"coco trovejante" da nossa tradição, eles estranharam. Mas o
Bongar ajudou a mudar essa relação dos jovens com a cultura
tradicional", explica Guitinho.
NA INTERNET - Grupos de coco
www.cocoraizes.com.br
www.bongar.com.br
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