ÀS PORTAS de uma overdose de heroína, marrom e pastosa, contrabandeada do México, ele foi salvo por um amigo em melhor estado: Iggy Pop. Excursionou com os Rolling Stones, no auge da doideira de Keith Richards. Num dos primeiros shows dos Sex Pistols, foi atacado a correntadas por Sid Vicious.
Ele é o jornalista britânico Nick Kent, 58, autor do excelente "Apathy for the Devil", livro de memórias lançado no Reino Unido.
No início dos anos 70, Kent fez história em Londres. Ao lado de Charles Shaar Murray (o crítico ácido) e Ian MacDonald (o "übernerd" especialista em Beatles e Shostakovich), Kent esteve na linha de frente da imprensa musical.
O gonzo-mor Hunter S. Thompson redigitava, palavra por palavra, os livros de seu ídolo, Ernest Hemingway, para ver se aprendia a escrever como ele.
Tenho vontade de fazer o mesmo com "Apathy for the Devil". Kent escreve delirantemente bem.
Em um show de Jimi Hendrix: "Testemunhei diversas jovens que o cercavam na beira do palco, tão excitadas a ponto de tentar acariciar a genitália dele enquanto tocava. Quando eu era adolescente, via essas mesmas meninas, semana após semana, acompanhando seu pais às missas da Catedral de Llandaff".
Numa apresentação dos Stones: "Estava completamente cercado por jovens mulheres num estado extremamente elevado de psicose sexual coletiva. Elas se tocavam em pontos impróprios do corpo e emitiam urros primais. Meus olhos saltavam da cabeça".
Kent despreza os teóricos do rock. Viu tudo por dentro e sabe que teorias glorificadoras, principalmente sobre o punk, pouco têm a ver com a realidade.
Compre ontem. E, se não souber inglês, acampe na frente de sua editora favorita, exigindo uma edição nacional.