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MÚSICA
Maior banda de hardcore do Brasil, o Dead Fish estabelece raízes em São Paulo e lança "Zero e Um"
A vitória do hardcore
ANA PAULA DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O bom filho à casa torna. No caso do
Dead Fish, eles só voltam para a capital do Espírito Santo, Vitória, se for para
matar as saudades da família. Guitarra e
cuia na mala, há um mês a maior banda
de hardcore do Brasil estabeleceu raízes
em São Paulo para divulgar "Zero e
Um", o quinto e mais bem produzido
CD da banda. "Vitória não nos comportava mais. Se fizéssemos um show hoje,
só poderíamos tocar daqui a seis meses."
Depois de muito flerte, no ano passado, Rodrigo (voz), Alyand (baixo), Nô
(bateria) e os guitarristas Philippe e Hóspede assinaram com a Deck Disc, responsável por revelar a roqueira Pitty. O
contrato originou 14 músicas inéditas,
produzidas por Rafael Ramos (do antigo
Baba Cósmica) e mixadas por Ryan
Greene, "culpado" por obras-primas do
hardcore como "Sick of it All".
Os shows dos rapazes "bombam" qualquer lugar. E os números também. Independentes, "pero no mucho", eles já venderam cerca de 55 mil cópias de todos os
CDs juntos, "fora os piratas que têm para
vender por aí", reclama Nô. "Se somarmos os shows de 2003, passamos meio
ano tocando", afirma Alyand. Ao que tudo indica, neste ano não será diferente.
Até uma turnê pela América Latina e,
quem sabe, Europa e Estados Unidos, está sendo programada. "Queria tanto chegar nos "states" e cantar em português",
sonha Rodrigo.
Mas foi por pouco que o Dead Fish
quase morreu na praia. Antes de fecharem contrato com a Deck, eles já estavam
desistindo. "Éramos grandes, mas não tínhamos mais por onde crescer. Tocávamos muito, mas não conseguíamos administrar as agendas e o dinheiro. Pensamos em desistir, mas o Rafael nos ligou e
vimos uma luz", diz Rodrigo. De morto,
o Dead Fish hoje não tem nada.
A começar pela primeira música de
"Zero e Um". Em "A Urgência", eles
mostram que estão bem vivos e com
vontade de descer o braço na guitarra. Isso fica ainda mais claro na paulada que é
"Senhor, Seu Troco" e "Desencontros".
Mas, como toda boa banda de hardcore melódica, há letras sim senhor! "Deletar/ o que realmente sinto e posso acreditar/ Programar/ uma nova linguagem
em que possa me adequar." Ganha um
doce quem ouvir esse refrão -da música "Zero e Um", que deu origem ao clipe,
contido no CD- e não ficar com ele na
cabeça por algumas horas.
E se a banda hoje não tem dúvidas sobre o que quer, o nome ainda é uma incógnita para muitos. "Dead Fish não significa nada. Foi um sorteio que fizemos.
Mas muita gente fantasia um significado.
Dizem até que somos pagãos, porque o
peixe é um símbolo do cristianismo, então tem gente que acha até que queremos
os cristãos mortos!", conta Nô.
"ZERO E UM". Lançamento: Deck Disc. Preço: R$
24. Contatos: www.deadfish.com.br e
www.deckdisc.com.br
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