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Pirata de Hollywood
Johnny Depp estrela o filme mais esperado das férias de julho: "Piratas do Caribe 2 - O Baú da Morte", que chega aos cinemas nesta sexta
Divulgação
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Esse duelo não é para decidir quem fica com a mocinha; Norrington, Will Turner e Jack Sparrow estão disputando o coração
de Davy Jones, o vilão asqueroso |
TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Johnny Depp chega
atrasado à entrevista
de "Piratas do Caribe 2
- O Baú da Morte". A
fita explodiu nos EUA
com US$ 132 milhões num fim-de-semana e tirou de "Homem-Aranha" o recorde de maior estréia de todos os
tempos.
Essa fama de sossegado dele
é velha. Pergunto ao diretor
Gore Verbinski se é um inferno
trabalhar com alguém assim.
"Ele nunca chegou atrasado
nas filmagens. Mas às vezes pedia que a cena fosse gravada de
novo, de novo e de novo, até ficar do jeito que ele queria. Aí
atrasava as outras", conta.
"Mas quando ele chega, dá
toda a atenção a você, é como se
nada pudesse interromper
sua linha de pensamento",
diz Jerry Bruckheimer, o superprodutor de Hollywood que
bancou as maluquices do ator
quando os executivos da Disney começaram a ver as primeiras cenas do primeiro filme
e a achar que o Capitão Jack
Sparrow estava muito gay para
um filme voltado para a família
média norte-americana.
De repente, uma muvuca de
agentes e assessores começa a
se formar em uma das
salas do hotel Beverly Willshire, em Beverly
Hills, e esse é o sinal que faltava: Johnny Depp decidiu, finalmente, se apresentar. "Estou
atrasado, mais uma vez. Me
desculpe, chegarei cedo no próximo encontro", brinca o ator,
vestindo jeans surrado, camiseta preta também surrada, chapéu de feltro cinza, igualmente
surrado e cobrindo o cabelo obviamente desgrenhado, colar
de prata, vários panos e pedaços de couro amarrados nos punhos. Quando começa a falar,
exibe os dentes de ouro do personagem Jack Sparrow, o protagonista de "Piratas 2".
"Você está vestido assim por
causa do filme?", pergunto.
"Não, só os dentes são de Jack
Sparrow, o resto são minhas
roupas, as únicas que estavam
limpas. E os acessórios são
meus filhos que me colocam,
então tenho de usar", explica o
ator. "Não ligo para roupas, visto a primeira coisa que aparece
e, se o cabelo está muito bagunçado, boto um chapéu. Gosto
de chapéus", completa ele.
O longa que ele acaba de filmar é a primeira continuação
do sucesso inesperado de "Piratas do Caribe - A Maldição
do Pérola Negra" ("Piratas 1"
daqui pra frente, combinado?),
que em 2003 estreou como um
filme menor da Disney, para
crianças, baseado em uma atração da Disneylândia, mas que,
para surpresa geral, agradou o
mundo inteiro e arrecadou
US$ 600 milhões nos EUA.
Aí, resolveu-se que o filme teria não apenas uma, mas duas
seqüências, que seriam filmadas ao mesmo tempo, cada uma
com mais de US$ 220 milhões
de orçamento. O terceiro "Piratas" ainda não foi concluído.
Grande parte do sucesso do
filme aconteceu por causa do
jeito irreverente, sexy e debochado com que Johnny Depp
encarnou o Capitão Jack Sparrow, um pirata decadente, beberrão e sem um pingo de vergonha na cara inspirado em vários desenhos animados e em
Keith Richards. Grande amigo
de Johnny Depp, aliás, o guitarrista dos Rolling Stones vai participar do terceiro filme como o
pai de Jack Sparrow. "Se a gente conseguir mantê-lo longe
dos coqueiros até lá", brinca o
diretor Verbinski, sobre a queda do guitarrista de uma dessas
árvores em abril.
Jack é um pirata diferentão,
mas que sabe exatamente o que
quer e o que não quer da vida.
Muito como Depp, que sempre
viveu como um outsider na indústria de cinema, evitando os
papéis de galã ou os filmes de
ação que fizeram a fama e a fortuna dos Tom Cruise e Brad
Pitts da vida. "Quero sossego,
calma, felicidade, liberdade, diversão, tempo livre", afirma
Depp. Difícil ver uma frase tão
hippie saindo da boca de um galã de Hollywood.
Pense nos filmes que ele já
fez. Não tem um certinho, uma
comédia romântica baba.
Suas escolhas na vida foram
sempre tão excêntricas que só
agora, aos 43 anos, Depp virou
personagem principal de uma
franquia que promete ser uma
das mais bem-sucedidas da história dos estúdios Disney. "Estou achando tudo muito engraçado, até me ver como boneco,
ou em caixas de cereais. Adoro
esse personagem, senti falta
dele. Me vejo fazendo Piratas 9,
10, 11, sem problemas. É como
se eu tivesse conquistado um
território inimigo".
E sobre aquele papo de Jack
Sparrow ser meio gay? "Ele não
é gay, mas sabe como é, um
bando de marmanjos no mar
por muito tempo, bebendo o
tempo todo, uma hora rola alguma coisa", explica, rindo.
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