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Música
O homem que derreteu
Em 1967, Syd Barrett saiu numa viagem interestelar
que só acabou há dez dias, com sua morte aos 60 anos
IVAN FINOTTI
EDITOR DO FOLHATEEN
De todos os grandes
mitos do rock, nenhum causou tanta
curiosidade como
Syd Barrett, o incrível homem que derreteu. Morto há dez dias, provavelmente
em decorrência de diabetes, ele
foi o responsável pelos mais altos níveis de psicodelia já alcançados na música, guiando o
seu Pink Floyd entre 1965 e
1967.
Foi o suficiente para que o álbum "The Piper at the Gates of
Down" (1967) e um par de singles (leia quadro ao lado) colocassem o rock numa jornada
interestelar e progressiva que
duraria uma década, até a chegada do punk em 1976/77.
Mas ele mesmo não agüentou a bad trip. Foi tanto LSD no
cérebro que se viu demitido da
banda em 1968 e nunca mais
conseguiu juntar dois acordes
de forma, digamos, profissional. À época, Barret se comportava de forma estranha nas entrevistas e subia ao palco e para
não tocar uma nota sequer.
Ele chegou a lançar dois discos em 1970, um em janeiro,
"The Madcap Laughs", e outro
em novembro, "Barrett". Em
1988, o culto pelo artista fez sua
gravadora lançar sobras de estúdio no álbum "Opel".
Mas o o que se ouve nos três
álbuns são semicanções: Barret
tocando violão e cantando suas
músicas, que seriam depois
completadas por outros músicos, com o auxílio dos velhos
companheiros do Floyd.
David Gilmour, o guitarrista
que o substituiu na banda, produziu algumas dessas faixas.
"Algumas tinham um potencial
fantástico. Mas era difícil encontrar uma técnica de trabalho que funcionasse. Você tinha
que pré-gravar as canções sem
ele, a partir de uma demo, e depois sentá-lo na frente do microfone e tentar fazê-lo cantar
e tocar em cima. Outra possibilidade era deixá-lo tocar sozinho e depois tentar incluir todos os outros instrumentos em
cima", disse Gilmour.
Segundo o guitarrista, "o
conceito dele tocando junto
com um grupo de músicos era
claramente impossível porque
ele mudava a canção a cada tomada. Eu acho que deliberadamente ele nunca tocava a mesma coisa duas vezes".
No início dos anos 70, Barret
reassumiu seu primeiro nome,
Roger, e voltou para casa de sua
mãe em Cambridge, onde viveu
recluso até dez dias atrás.
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