O mundo da personagem chega ao DVD e já figura entre os mais vendidos

CRISTINA FIBE
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes mesmo de o Harry Potter nascer, um outro mundo de fantasia já era best-seller entre os adolescentes: "O Mundo de Sofia", do escritor norueguês Jostein Gaarder, um livro cheio de mistérios e que ainda ensina filosofia, publicado no Brasil em 1995.
Para os que não tinham nem idade para ler a obra quando foi lançada, chega agora ao país uma outra maneira de conhecer "O Mundo de Sofia": uma série de TV com oito episódios, que foi feita na Noruega e chegou a virar filme, em uma versão reduzida, mas que nunca passou aqui.
A caixa com dois DVDs traz a versão integral, com 200 minutos que tentam traduzir as quase 600 páginas do livro. Bem-feita, a série é uma boa iniciação ao mundo da menina, mas não consegue substituir a experiência da obra escrita.
Acelerada, a série reduz a atmosfera de mistério que tanto faz o leitor grudar na história e ainda corta boa parte das explicações que passam por filosofia, história e artes plásticas. Mesmo assim, o DVD já entrou, logo após o seu lançamento, na lista de mais vendidos, freqüentada por tanto tempo pela obra original.
Mas qual é a graça de Sofia?
Prestes a completar 15 anos, a menina começa a receber cartas misteriosas, de alguém que não conhece e que a faz pensar de onde veio o mundo, qual é o sentido da vida. "Em geral, as pessoas ignoram os filósofos. Elas têm preguiça. Não entendem que os filósofos fizeram uma perigosa jornada. Viajará comigo, Sofia?", questiona uma das mensagens.
Nessa viagem, Sofia (cujo nome quer dizer "sabedoria") vai atrás de respostas a perguntas que parecem sem solução, e assim é introduzida ao mundo da filosofia de Sócrates, Platão, Aristóteles e Nietzsche, para citar alguns exemplos.
Ela vaga pela casa, tenta recorrer à mãe -"Você existe?", "Quem sou eu?", indaga), mas só recebe respostas evasivas. Isso porque os adultos já estão "acostumados" ao mundo como ele é, não o questionam.
É por isso que a personagem é uma adolescente: já tem idade para questionar e entender, mas não é crescida a ponto de não olhar mais o mundo com encantamento e curiosidade.
Mas, mesmo na escola, Sofia vira um ET: é a única da classe que consegue dissertar sobre a Idade Média e o mundo da mitologia, e todos os colegas ficam embasbacados.
No cinema, a protagonista ri enquanto imagina diálogos sobre o cinismo (corrente filosófica fundada em Atenas que pregava desapego aos bens materiais), enquanto os amigos choram -eles assistem a um drama, ela vê outra coisa quando olha para a telona.
Namoros e fofocas só acontecem nas viagens da menina pelo tempo. Nelas, visita episódios históricos como a Revolução Russa -na vida real, ela está alienada, obcecada pelas discussões filosóficas. Do mesmo jeito que os leitores ficam obcecados por Sofia.