São Paulo, segunda, 18 de maio de 1998

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Misturar remédio para dormir e álcool pode acabar em acidente

JAIRO BOUER
especial para a Folha

"Tenho 17 e fiquei sem argumentos perante um amigo que toma remédio para insônia para ter "viagens'. Quais os problemas reais que esses remédios trazem? Ele toma dois comprimidos com bebidas alcoólicas."
resposta Pode apostar que seu amigo está fazendo um mau negócio. Tomar comprimido para dormir sem indicação médica é fria. Usar esse tipo de remédio misturado com álcool para "viajar" equivale a tirar passaporte para uma noite no pronto-socorro.
Esses comprimidos (benzodiazepínicos) diminuem a atividade cerebral, reduzem a ansiedade e facilitam o sono. Devem ser usados sob orientação médica (como qualquer remédio) e, sempre, por um período limitado.
Um dos riscos é a dependência. A pessoa só dorme com o remédio, precisa de doses cada vez maiores e passa mal sem ele. E muitos desses remédios podem causar, no dia seguinte, sonolência, dificuldade de concentração, alteração da memória, queda no rendimento intelectual e diminuição dos reflexos.
Pior é misturar esse remédio com álcool. Além de não dar "viagem" (a pessoa só fica meio sonada, com o nível de consciência alterado, às vezes, um pouco mais eufórica), a combinação traz o risco da mistura de drogas que deprimem o sistema nervoso central.
Daí, podem acontecer problemas graves como confusão mental, diminuição importante dos reflexos, alterações de comportamento, coma e até parada respiratória. Moral da história: a "viagem" pode acabar em acidente.


Jairo Bouer, 32, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou mande e-mail para jbouer@uol.com.br



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