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educação
Competição particular
Alunos de escolas particulares falam sobre a corrida por
uma vaga no ensino médio nos colégios mais disputados da capital
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
E
m busca de "mais
conteúdo" e de um
ensino mais focado
no vestibular, muitos adolescentes do
último ano do ensino fundamental já estão se preparando
para o vestibulinho do ensino
médio, o processo seletivo das
escolas particulares mais requisitadas da capital.
Assim como os candidatos à
faculdade, eles freqüentam
cursinhos e precisam lidar com
a pressão para conquistar uma
vaga que chega a ser disputada
por até seis estudantes.
"Quero ir para uma escola
forte. Vai ser bom para o meu
futuro, para o vestibular", diz
Marina Miragaia de Miguel, 13,
que faz cursinho desde março.
Para ela, o fato de ainda faltarem mais de três anos para a
entrada na faculdade não é motivo para relaxar. "Não acho cedo para me preocupar com isso.
Está cada vez mais difícil conseguir emprego. Acho importante já pensar no mercado",
completa a estudante.
Marina vai tentar uma vaga
no Santa Cruz, que, ao lado do
Palmares, do Bandeirantes
(que estão entre as 10 primeiras colocadas no Enem) e do
Porto Seguro (49ª colocada),
tem um dos vestibulinhos mais
concorridos da cidade.
A prova é só em outubro, mas
ela já está nervosa. "Tenho medo de não passar, vou ficar muito frustrada", diz.
Já Thomas G. Leirner, 14, está surpreso com a sua própria
tranqüilidade. "Eu estou calmo
até demais. Acho que ainda não
caiu a ficha de que a prova está
perto e é muito concorrida",
confessa o estudante.
Para Tomás Russo, 14, também ainda não bateu o nervosismo, mas já rola uma pressão
pelo resultado. "Como meus
pais estão pagando um cursinho, eu me cobro para passar",
diz o garoto.
Nas férias, ele ainda não sabe
para onde vai viajar, mas já decidiu dedicar algumas semanas
para as apostilas de revisão.
Já Antônio Dias, 14, pretende
manter distância dos livros em
julho. "Acho bom estudar, mas
não sou paranóico", garante.
Caso não passe no vestibulinho, ele vai ficar na escola onde
estuda atualmente. "Além do
conteúdo, o legal de mudar de
escola é conhecer gente nova,
novos professores, nova proposta", diz o garoto.
A vontade de conhecer gente
nova também é um dos fatores
que levaram Tereza Harari, 14,
a se inscrever em um vestibulinho. "Estou há muito tempo na
mesma escola, preciso mudar."
Mas a possibilidade de se separar dos amigos não é tão animadora. "Vai ser meio triste",
diz a garota.
Alice Ximenes, 14, já tem experiência com esse tipo de mudança. "Passei por isso na 4ª série, quando minha escola fechou. É chato, mas acho que vai
dar para manter contato com
as pessoas mais próximas."
Mensalidades
Com classes de até dez alunos ou opções de aulas particulares, os cursinhos especializados nos vestibulinhos do ensino médio (como Vésper, Estímulo e Remo Recursos) cobram mensalidades que variam
de R$ 700 a R$ 1.100.
As aulas geralmente são realizadas duas vezes por semana,
e há turmas que começam em
março e em agosto.
As escolas mais procuradas
não indicam cursinhos preparatórios e disponibilizam, em
alguns casos, a prova do ano anterior ou um programa de estudos para os candidatos.
As inscrições rolam até o fim
de setembro, e os exames acontecem em setembro ou outubro, com taxas de inscrição que
variam de R$ 60 a R$ 200.
Segundo o Ministério da
Educação, não há legislação específica para regular os vestibulinhos em escolas particulares ou cursinhos preparatórios
para essas provas. As instituições privadas têm autonomia
para decidir o critérios de
preenchimento de vagas.
Já na rede pública, apenas as
escolas de aplicação ligadas a
universidades federais e as escolas técnicas federais podem
fazer provas seletivas.
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