São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2007

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educação

Competição particular

Alunos de escolas particulares falam sobre a corrida por uma vaga no ensino médio nos colégios mais disputados da capital

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

E m busca de "mais conteúdo" e de um ensino mais focado no vestibular, muitos adolescentes do último ano do ensino fundamental já estão se preparando para o vestibulinho do ensino médio, o processo seletivo das escolas particulares mais requisitadas da capital.
Assim como os candidatos à faculdade, eles freqüentam cursinhos e precisam lidar com a pressão para conquistar uma vaga que chega a ser disputada por até seis estudantes.
"Quero ir para uma escola forte. Vai ser bom para o meu futuro, para o vestibular", diz Marina Miragaia de Miguel, 13, que faz cursinho desde março.
Para ela, o fato de ainda faltarem mais de três anos para a entrada na faculdade não é motivo para relaxar. "Não acho cedo para me preocupar com isso. Está cada vez mais difícil conseguir emprego. Acho importante já pensar no mercado", completa a estudante.
Marina vai tentar uma vaga no Santa Cruz, que, ao lado do Palmares, do Bandeirantes (que estão entre as 10 primeiras colocadas no Enem) e do Porto Seguro (49ª colocada), tem um dos vestibulinhos mais concorridos da cidade.
A prova é só em outubro, mas ela já está nervosa. "Tenho medo de não passar, vou ficar muito frustrada", diz.
Já Thomas G. Leirner, 14, está surpreso com a sua própria tranqüilidade. "Eu estou calmo até demais. Acho que ainda não caiu a ficha de que a prova está perto e é muito concorrida", confessa o estudante.
Para Tomás Russo, 14, também ainda não bateu o nervosismo, mas já rola uma pressão pelo resultado. "Como meus pais estão pagando um cursinho, eu me cobro para passar", diz o garoto.
Nas férias, ele ainda não sabe para onde vai viajar, mas já decidiu dedicar algumas semanas para as apostilas de revisão.
Já Antônio Dias, 14, pretende manter distância dos livros em julho. "Acho bom estudar, mas não sou paranóico", garante.
Caso não passe no vestibulinho, ele vai ficar na escola onde estuda atualmente. "Além do conteúdo, o legal de mudar de escola é conhecer gente nova, novos professores, nova proposta", diz o garoto.
A vontade de conhecer gente nova também é um dos fatores que levaram Tereza Harari, 14, a se inscrever em um vestibulinho. "Estou há muito tempo na mesma escola, preciso mudar."
Mas a possibilidade de se separar dos amigos não é tão animadora. "Vai ser meio triste", diz a garota.
Alice Ximenes, 14, já tem experiência com esse tipo de mudança. "Passei por isso na 4ª série, quando minha escola fechou. É chato, mas acho que vai dar para manter contato com as pessoas mais próximas."

Mensalidades
Com classes de até dez alunos ou opções de aulas particulares, os cursinhos especializados nos vestibulinhos do ensino médio (como Vésper, Estímulo e Remo Recursos) cobram mensalidades que variam de R$ 700 a R$ 1.100.
As aulas geralmente são realizadas duas vezes por semana, e há turmas que começam em março e em agosto.
As escolas mais procuradas não indicam cursinhos preparatórios e disponibilizam, em alguns casos, a prova do ano anterior ou um programa de estudos para os candidatos.
As inscrições rolam até o fim de setembro, e os exames acontecem em setembro ou outubro, com taxas de inscrição que variam de R$ 60 a R$ 200.
Segundo o Ministério da Educação, não há legislação específica para regular os vestibulinhos em escolas particulares ou cursinhos preparatórios para essas provas. As instituições privadas têm autonomia para decidir o critérios de preenchimento de vagas.
Já na rede pública, apenas as escolas de aplicação ligadas a universidades federais e as escolas técnicas federais podem fazer provas seletivas.


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