|
Texto Anterior | Índice
BALÃO
O encontro de Deus com o pai da Mônica
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é todo mundo que tem a chance de
falar com Deus. Pois o brasileiro
Maurício de Sousa teve. E mais: levou-o
para passar uma agradável tarde em sua
chácara em Caçapava (SP). Isso foi em
meados dos anos 80, segundo encontro
entre o pai da Turma da Mônica e Osamu Tezuka, o deus do mangá japonês.
Assunto de uma biografia recém-lançada pela Conrad e devolvido aos holofotes depois que Rin Taro e Katsuhiro
Ôtomo ("Akira") finalmente levaram
sua HQ "Metrópolis" para as telas, Tezuka (1928-1989) é o responsável pela invasão do Ocidente pelos olhinhos grandes.
"Ele teve dois lados: o positivo, por ter
nos ensinado que algo regional poderia
se tornar universal; e o negativo, já que
dominou o mundo com isso", brinca o
brasileiro, que, no final de 1988, teve seu
último encontro com o mestre. "Combinamos no saguão de um hotel. Ele estava
muito abatido, mas conversa vai, conversa vem, seus olhos começaram a brilhar de novo. Quando falei com o secretário dele, dias depois, é que soube: Tezuka já estava internado no hospital e havia
fugido só para se encontrar comigo."
E o assunto da conversa, conta o brasileiro, foi justamente a sua frustração com
o rumo das HQs japonesas. "Ele se penitenciava por ter usado a violência no início de sua carreira. Tudo com o que sempre sonhara, disse-me, era fazer histórias
como as da Turma da Mônica, humanas
e pacifistas." Só Deus sabe.
@ - balao@folha.com.br
Texto Anterior: Orelha Índice
|