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São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

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BALÃO

O encontro de Deus com o pai da Mônica

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é todo mundo que tem a chance de falar com Deus. Pois o brasileiro Maurício de Sousa teve. E mais: levou-o para passar uma agradável tarde em sua chácara em Caçapava (SP). Isso foi em meados dos anos 80, segundo encontro entre o pai da Turma da Mônica e Osamu Tezuka, o deus do mangá japonês.
Assunto de uma biografia recém-lançada pela Conrad e devolvido aos holofotes depois que Rin Taro e Katsuhiro Ôtomo ("Akira") finalmente levaram sua HQ "Metrópolis" para as telas, Tezuka (1928-1989) é o responsável pela invasão do Ocidente pelos olhinhos grandes.
"Ele teve dois lados: o positivo, por ter nos ensinado que algo regional poderia se tornar universal; e o negativo, já que dominou o mundo com isso", brinca o brasileiro, que, no final de 1988, teve seu último encontro com o mestre. "Combinamos no saguão de um hotel. Ele estava muito abatido, mas conversa vai, conversa vem, seus olhos começaram a brilhar de novo. Quando falei com o secretário dele, dias depois, é que soube: Tezuka já estava internado no hospital e havia fugido só para se encontrar comigo."
E o assunto da conversa, conta o brasileiro, foi justamente a sua frustração com o rumo das HQs japonesas. "Ele se penitenciava por ter usado a violência no início de sua carreira. Tudo com o que sempre sonhara, disse-me, era fazer histórias como as da Turma da Mônica, humanas e pacifistas." Só Deus sabe.


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