São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

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sexo e saúde

"Brincadeira" sexual termina em sofrimento

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

Hoje, em vez de responder a uma dúvida, a coluna vai dar espaço a um leitor que enviou um e-mail no qual relata sua experiência recente com uma DST. Ele se contaminou com o HPV, vírus causador de uma das doenças (as verrugas genitais) transmitidas pelo sexo mais comuns hoje em dia. Vale a pena prestar atenção ao depoimento.
"No começo de dezembro, passei por uma cirurgia que "queimou" lesões de HPV que eu descobri no meu ânus. Sou um jovem homossexual que pratica sexo seguro, mas que não acreditava que simples "brincadeiras" sem penetração pudessem transmitir DSTs.
O período pós-cirúrgico foi difícil, com dor e sangramento. Antes das festas de fim de ano, retornei ao médico e tudo corria bem. Mas agora percebi que existe uma ferida que não cicatrizou. Já marquei outra consulta. Desde que passei por essa experiência, não tive mais nenhum contato sexual.
Hoje em dia, vejo fotos eróticas e relatos de encontros sexuais e não consigo deixar de ficar impressionado com o risco que algumas pessoas correm, sem nenhum temor. Nunca frequentei saunas, cinemas, dark-rooms, parques ou outros lugares "de pegação". Não tenho nenhum contato com esperma alheio e, mesmo assim, estou passando por tudo isso.
Acho que falta mostrar às pessoas, não apenas aos jovens, que as DSTs são horríveis. Vejo que muita gente hoje em dia nem vê tanto perigo em contrair Aids. Como o brasileiro é muito sexual, não apenas sensual ou sexy, fica difícil ter um comportamento casto. Só acho que falta divulgar mais o assunto DST. Obrigado."
Às vezes, quando nossa coluna insiste em práticas de sexo seguro, como a colocação da camisinha desde o início da transa, muita gente acha que é um exagero. Mas é importante lembrar que vírus como o HPV e o herpes vírus podem ser transmitidos pelo simples contato com a área afetada, mesmo sem ocorrer penetração.
As infecções por esses vírus também exigem atenção constante. Mesmo depois de "tratadas", as pessoas precisam ficar atentas a possíveis recidivas (nova lesão produzida pelo vírus). O recado do nosso leitor está dado! Agora é com vocês.


Jairo Bouer, 37, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br


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