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comportamento
Armada antipirataria
Pasme,
ainda há gente
que vive sem
comprar discos
piratas nem
baixar músicas
e seriados
DÉBORA YURI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Qual foi a última vez
em que você baixou
uma música, um filme ou o episódio de
uma série pela
internet? Ou tirou
da carteira algumas poucas
moedas e levou para casa um
game ou DVD pirata? Talvez tenha sido ontem, ou no ano passado, já que ainda é início de
2009 -e hoje em dia é quase
impossível ter menos de 30
anos e seguir a lei, que bane a
pirataria e os downloads ilegais. Mas há gente, pasme, que
consegue.
"Sou contra a pirataria, nunca comprei um CD ou DVD pirata. Nunca baixei um filme, só
vejo no cinema ou quando chegam à locadora", conta a estudante de administração Marcela Lima Carneiro, 20.
Ela sabe que é "ave rara" no
ninho. "O pessoal fala pra mim:
"Que besteira", porque eu acho
mancada, sacanagem com
quem ralou para fazer um filme
ou um CD. Fui até expulsa da
classe uma vez, porque o professor de inglês era a favor da
pirataria e eu discuti com ele."
Flávia Elinelek Oliveira, 16,
recusa-se a comprar ou mesmo
ver um filme pirata. "Sou radicalmente contra tudo isso porque o autor, o cantor, fez um
trabalho honesto, como qualquer outro, e desse jeito não recebe nada por ele. As pessoas
não têm o direito de se aproveitar do trabalho dos outros", diz.
Na contramão
"Sei que estou na contramão
da minha geração, mas não baixo nada na internet nem compro nada pirata. Agora, quem só
aprecia música e cinema vai
procurar ter acesso a eles do
jeito mais confortável, sem gastar dinheiro, independentemente de isso ser legal ou ilegal", diz a estudante de cinema
Amanda Natalie Oliveira, 23,
para quem a pirataria atrapalha
muita gente, "não só os poderosos da indústria artística".
Ex-saxofonista de uma banda de forró universitário do interior de São Paulo, Amanda
sentiu na pele o lado ruim da
pirataria. Sua banda gravou um
CD demo, que foi parar nas
bancas de camelôs de São José
dos Campos e virou sucesso.
"Em cada lugar, as músicas
tinham um nome diferente,
porque quem pegou o CD não
sabia os títulos corretos, e eu vi
várias capas diferentes também. Por um lado, como custava R$ 5, as pessoas compravam
e nossos shows em festas de faculdade ficavam lotados", diz.
"Por outro, a gente não ganhou um centavo com essas
vendas, pessoas que a gente
nem conhecia lucravam com o nosso trabalho, e a gente ralou
muito, pagou muito dinheiro
pelas horas de estúdio, para
gravar, mixar", conta ela.
Mudança de conceito
Amanda acha que o próprio
conceito da pirataria ganhou
novos sentidos, devido à demanda de sua geração.
"Atualmente, você mesmo
pirateia um disco para os seus
amigos, não por dinheiro, mesmo sem ganhar nada em troca.
Quem não tem um gravador de
CD, de DVD? Eu perdi o CD da
minha própria banda, e um
amigo copiou e deu pra mim
uma cópia", conta.
CD é mais legal
Isadora Werner Goes, 18,
uma adepta das estantes repletas de discos originais, tem uma
coleção em casa de cerca de
1.500, contando com os dos
pais. "É muito mais legal ter o
CD que só o arquivo mp3",
compara ela, que baixou "In
Rainbows" pela internet "porque o Radiohead disponibilizou
o disco para os fãs".
Fã de séries americanas como "House", "Lost" e "C.S.I.",
Nayane Naamy Carvalho, 15,
não usa a internet para matar a
vontade de ver seus episódios
sem o atraso com que chegam
ao Brasil na TV paga -uma
temporada pode estrear por
aqui meses ou mesmo anos depois de ir ao ar nos EUA. "Prefiro ir à locadora ou à loja. Não fica tão caro, porque cada série
tem uma caixa por ano, então
eu reservo as minhas favoritas.
A internet é um recurso ilimitado, é mais fácil, mas eu não
acho confiável nem certo", diz.
Impossível parar
Outra adolescente que nunca
comprou um produto pirata e
também se recusa a vê-los é a
estudante de cinema Bruna
Torres, 18. "Por um lado, a internet ajuda muitos artistas jovens, que usam a rede para divulgar o seu trabalho. Mas, no
máximo, eu vejo alguns trechos
de um filme no YouTube, nunca o filme todo, aos pedaços",
diz ela, que admite não ser fácil
andar na contramão.
"Eu até baixo músicas na internet... Parece menos errado",
conta. "Não estou justificando
isso pelos preços altos dos CDs.
A minha coleção de DVDs eu
estou montando aos poucos; já
tenho uns 70 filmes. Mas baixar
músicas virou um costume, é
impossível parar."
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