São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

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02 Neurônio

@ - Jô Hallack, Nina Lemos, Raq Affonso - 02neuronio@uol.com.br

Não me leve a mal, hoje é Carnaval

NO CARNAVAL, a população mundial se divide em dois grupos definidos. O dos que amam a festa momesca e pretendem cair na folia, beijar na boca de passantes, comprar fantasias com paetês e só voltar à normalidade na quinta-feira. E os outros. Que odeiam a festa, que vão ficar falando mal do Carnaval durante os cinco dias, que vão tentar fazer programas normais durante o feriado e não vão conseguir, se tornando ainda mais rabugentos e possuídos pelo demônio. Não, não existe o meio-termo. No Carnaval, tudo é assim meio radical.
Isso é o bom da vida: cada um na sua. O problema é que, no Carnaval, a coisa não funciona bem assim. Porque os carnavalescos são espalhafatosos, estão armados até os dentes com confete, serpentina e espuma. E não entendem como alguém pode não gostar de sair por aí com uma fantasia de zebra-drag-queen. "Ah, não acredito que você não gosta!! Qual é o problema com você? Mas por que?", perguntam eles (horrorizados ) aos não-carnavalescos.
Coitados... A Lei de Murphy faz com que os não-carnavalescos tenham uma espécie de imã que atrai bebuns, vendedores de máscaras, agremiações e, principalmente, os blocos.
Por um azar do destino, as concentrações de blocos são sempre embaixo da janela dos não-carnavalescos. Se vacilar, eles têm até um parente Rei Momo. Oprimidos pelos esfuziantes carnavalescos, eles têm surtos momentâneos de desespero e ira. São incompreendidos.
Já fomos de tudo nessa vida. De darks a foliãs. Tudo depende, na verdade, da conjunção astral. No Carnaval passado, quase saímos na avenida fantasias de capuccino (é verdade). No retrasado, choramos quando ficamos presas no meio de um bloco.
Por isso, nosso conselho (não importa de que grupo você seja): Carnaval é tempo de ter paciência com o alheio. De não jogar espuma naquele seu amigo que odeeeeia tudo isso. Mas de improvisar um samba no pé quando, na verdade, você quer jogar ovo no bloco que atravessou seu caminho.

Momento de histeria

Quem não gosta de samba também pode ser um bom sujeito




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