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02 Neurônio
@ - Jô Hallack, Nina Lemos, Raq Affonso - 02neuronio@uol.com.br
Não me leve a mal, hoje é Carnaval
NO CARNAVAL, a população mundial se
divide em dois grupos definidos. O dos
que amam a festa momesca e pretendem cair na folia, beijar na boca de passantes,
comprar fantasias com paetês e só voltar à
normalidade na quinta-feira. E os outros. Que
odeiam a festa, que vão ficar falando mal do
Carnaval durante os cinco dias, que vão tentar
fazer programas normais durante o feriado e
não vão conseguir, se
tornando ainda mais rabugentos e possuídos pelo demônio. Não, não
existe o meio-termo. No
Carnaval, tudo é assim
meio radical.
Isso é o bom da vida:
cada um na sua. O problema é que, no Carnaval, a coisa não funciona
bem assim. Porque os
carnavalescos são espalhafatosos, estão armados até os dentes com
confete, serpentina e espuma. E não entendem
como alguém pode não gostar de sair por aí com uma
fantasia de zebra-drag-queen. "Ah, não acredito que você não gosta!! Qual é o problema com você? Mas por
que?", perguntam eles (horrorizados ) aos não-carnavalescos.
Coitados... A Lei de Murphy faz com que os não-carnavalescos tenham uma espécie de imã que atrai bebuns,
vendedores de máscaras, agremiações e, principalmente, os blocos.
Por um azar do destino, as concentrações de blocos
são sempre embaixo da janela dos não-carnavalescos. Se
vacilar, eles têm até um parente Rei Momo. Oprimidos
pelos esfuziantes carnavalescos, eles têm surtos momentâneos de desespero e ira. São incompreendidos.
Já fomos de tudo nessa vida. De darks a foliãs. Tudo
depende, na verdade, da conjunção astral. No Carnaval
passado, quase saímos na avenida fantasias de capuccino (é verdade). No retrasado, choramos quando ficamos
presas no meio de um bloco.
Por isso, nosso conselho (não importa de que grupo
você seja): Carnaval é tempo de ter paciência com o
alheio. De não jogar espuma naquele seu amigo que
odeeeeia tudo isso. Mas de improvisar um samba no pé
quando, na verdade, você quer jogar ovo no bloco que
atravessou seu caminho.
Momento de histeria
Quem não gosta de samba também pode ser um bom sujeito
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