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02 Neurônio
Jô Hallack, Nina Lemos, Raq Affonso @ - 02neuronio@uol.com.br
Rogando praga!
SEMPRE QUE ouvimos falar a palavra "praga", pensamos em uma coisa meio bíblica,
tipo uma nuvem de gafanhotos bizarros
invadindo a cidade e comendo o olhos das pessoas. Já o Papa não pensa assim. Para ele, a praga contemporânea é o segundo casamento.
Sim, ela imagina que o mundo está sendo assolado por uma horda de ex-maridos e de ex-mulheres, ex-ficantes, ex-casos. Que vão arrancar
nossos olhos. Ou, talvez, fazer algo pior. Tipo
querer os CDs de volta.
Nossos pais eram de
uma época em que você se casava com o primeiro namorado. E
depois se separava, na
maioria das vezes, ao
som de Chico e Caetano cantando: "Todo
dia ela faz tudo sempre
igual". Os seus pais,
provavelmente, já
eram bem mais soltinhos. Quando éramos
adolescentes, a palavra
"ficar" começou a significar dar uns beijos
em alguém. Depois, foi
ampliada para "dar
uns beijos nuns vinte
alguéns". Os nosso filhos talvez façam outras coisas. O de vocês, também. A conclusão nada conclusiva: o mundo gira e a Lusitana roda. Menos, é claro,
para o Papa.
Para ele, Bento 16, os divorciados nem podem receber a
comunhão! Ou seja, a gente, nossos pais, nossos amigos,
somos todos uns pecadores! E talvez você, que, quando
crescer provavelmente vai se separar (e isso não é praga;
isso é a vida como ela é), também será banido!
A ira papal é tão grande que ele divulgou um documento, o "Sacramentum Caritatis", na última terça. Como o
documento não foi autenticado em duas vias no cartório
emocional do mundo das pessoas normais, achamos que,
pelo menos para nós, não nos diz respeito. Mesmo sendo
católicas não-praticantes, ex-estudantes de colégio de padres, moças que fizeram a primeira comunhão.
E que venham os ex, os futuros, os novos e os antigos.
Mas sem pedir os CDs de volta! Afinal, imagina só poder
casar uma vez! Ninguém merece! E, praga por praga, a
gente também sabe rogar! Rogamos uma praga, para os
datados: "Que sua língua se transforme em cobra e devore
todas as suas entranhas!".
Momento de histeria
Você, você e você. Vou te jogar uma praga do Zé do Caixão!
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