UOL


São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

"Máscara" prepara terreno para "Admirável Chip Novo"

A salada roqueira de PITTY

DA REPORTAGEM LOCAL

Num caso cada vez mais raro, a independente Pitty conseguiu acertar de primeira. O single "Máscara" atingiu em cheio as rádios e a MTV e caiu no gosto da garotada. Embalada por versos que falam diretamente aos adolescentes ("O importante é ser você/ Mesmo que seja estranho, seja você/ Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro"), "Máscara" já é um fenômeno e tem presença constante na trilha sonora virtual de blogs de teens -aqueles diários virtuais que substituíram a velha agenda transbordando de recortes.
"Fiquei surpresa com o apoio das rádios. Sempre achei que fosse uma coisa complicada por causa de jabá e essas coisas que a gente conhece. E realmente me surpreendi com a aceitação do som", diz a roqueira baiana de 25 anos.
Se você é uma das pessoas que foram fisgadas por "Máscara", pode começar a procurar o CD nas lojas porque a Deckdisc acaba de lançar "Admirável Chip Novo", primeiro disco solo de Pitty.
"Admirável Chip Novo" tem produção de Rafael Ramos (ex-Baba Cósmica) e é rock'n'roll do começo ao fim. Todo agridoce, o disco contrapõe a voz marcante de Pitty a um som pesado, guiado por uma guitarra empolgante e por uma dinâmica nada tediosa.
"O som é uma salada. Tem hardcore, metal, punk e industrial. Acho isso bom porque, quando você se fixa numa influência só, acaba fazendo só uma cópia. Eu deixo rolar o que vem de dentro, que é mais instintivo, "primal" e natural", diz Pitty, que cita como influências bandas tão diferentes quanto Bad Brains, Primus, Incubus e Faith No More.
Mas, antes de chegar à estética plural de "Admirável Chip Novo", Pitty teve de lapidar bastante suas canções, compostas depois do fim da banda de hardcore Inkoma, da qual era vocalista.
"Depois que a banda acabou, continuei fazendo música. Não sabia bem para que, mas continuei compondo só com voz e violão e gravando num gravadorzinho de mão. Um dia, o Rafael, que é meu amigo desde o tempo do Inkoma, me ligou e pediu para ouvir a fita. Mandei para ele de brincadeira, porque estava tudo bem tosco, mal gravado. Mesmo assim, ele gostou e me convidou para gravar o disco", conta.
Antes de entrar em estúdio, ainda em Salvador, Pitty começou a trabalhar as músicas com os amigos. Quando chegou ao Rio para gravar, ela já tinha uma idéia melhor do disco. Uma banda consistente, formada por Peu (guitarra e violões), Dunga (baixo) e Duda Machado (bateria), deu o peso exato ao disco.
Isso sem falar que a moça também pôde contar com participações mais do que especiais em "Admirável Chip Novo". O produtor e ex-mutante Liminha toca uma linha de baixo linda na balada "Equalize" e Jaques Morelembaum empresta seu celo a "Temporal", faixa que mais destoa do resto do disco e que lembra os arranjos setentistas de A Barca do Sol. (GUILHERME WERNECK)


Texto Anterior: Lançamentos
Próximo Texto: Matrix 2: O futuro não começa aqui
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.