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MÚSICA
"Máscara" prepara terreno para "Admirável Chip Novo"
A salada roqueira de PITTY
DA REPORTAGEM LOCAL
Num caso cada vez mais raro, a independente Pitty conseguiu
acertar de primeira. O single "Máscara" atingiu em cheio as rádios e a
MTV e caiu no gosto da garotada.
Embalada por versos que falam diretamente aos adolescentes ("O importante é ser você/ Mesmo que seja
estranho, seja você/ Mesmo que seja
bizarro, bizarro, bizarro"), "Máscara" já é um fenômeno e tem presença constante na trilha sonora virtual
de blogs de teens -aqueles diários
virtuais que substituíram a velha
agenda transbordando de recortes.
"Fiquei surpresa com o apoio das
rádios. Sempre achei que fosse uma
coisa complicada por causa de jabá
e essas coisas que a gente conhece. E
realmente me surpreendi com a
aceitação do som", diz a roqueira
baiana de 25 anos.
Se você é uma das pessoas que foram fisgadas por "Máscara", pode
começar a procurar o CD nas lojas
porque a Deckdisc acaba de lançar
"Admirável Chip Novo", primeiro
disco solo de Pitty.
"Admirável Chip Novo" tem produção de Rafael Ramos (ex-Baba
Cósmica) e é rock'n'roll do começo
ao fim. Todo agridoce, o disco contrapõe a voz marcante de Pitty a um
som pesado, guiado por uma guitarra empolgante e por uma dinâmica nada tediosa.
"O som é uma salada. Tem hardcore, metal, punk e industrial. Acho
isso bom porque, quando você se fixa numa influência só, acaba fazendo só uma cópia. Eu deixo rolar o
que vem de dentro, que é mais instintivo, "primal" e natural", diz Pitty,
que cita como influências bandas
tão diferentes quanto Bad Brains,
Primus, Incubus e Faith No More.
Mas, antes de chegar à estética
plural de "Admirável Chip Novo",
Pitty teve de lapidar bastante suas
canções, compostas depois do fim
da banda de hardcore Inkoma, da
qual era vocalista.
"Depois que a banda acabou, continuei fazendo música. Não sabia
bem para que, mas continuei compondo só com voz e violão e gravando num gravadorzinho de mão. Um
dia, o Rafael, que é meu amigo desde o tempo do Inkoma, me ligou e
pediu para ouvir a fita. Mandei para
ele de brincadeira, porque estava tudo bem tosco, mal gravado. Mesmo
assim, ele gostou e me convidou para gravar o disco", conta.
Antes de entrar em estúdio, ainda
em Salvador, Pitty começou a trabalhar as músicas com os amigos.
Quando chegou ao Rio para gravar,
ela já tinha uma idéia melhor do disco. Uma banda consistente, formada por Peu (guitarra e violões),
Dunga (baixo) e Duda Machado
(bateria), deu o peso exato ao disco.
Isso sem falar que a moça também
pôde contar com participações
mais do que especiais em "Admirável Chip Novo". O produtor e ex-mutante Liminha toca uma linha de
baixo linda na balada "Equalize" e
Jaques Morelembaum empresta seu
celo a "Temporal", faixa que mais
destoa do resto do disco e que lembra os arranjos setentistas de A Barca do Sol.
(GUILHERME WERNECK)
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