São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2004

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SEXO & SAÚDE

"Eu e meu namorado já transamos sem camisinha, mas nunca fomos até o fim (ele não gozou). Eu ainda não tomo pílula. Preciso me preocupar com o que fiz?"

"Tenho 21 anos e, há três semanas, saí com um amigo. Estávamos no carro, e eu sentei no colo dele. Ele me penetrou duas vezes e tirou o pênis, sem camisinha. Não houve ejaculação. Existe risco de eu engravidar desse jeito?"


Meninas transam sem proteção

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

Mais perguntas que mostram que o pessoal anda vacilando na prevenção à gravidez indesejada e às doenças transmitidas pelo sexo (DSTs).
As duas garotas que escreveram sabem que tiveram uma atitude que implicou risco. A primeira diz que ainda não toma pílula, e a outra diz que fizeram tudo sem camisinha. De novo, as duas moças sabem que atravessaram uma barreira que pode trazer dor de cabeça.
O que se passou na cabeça das moças na hora H? Vamos trabalhar com a hipótese do risco calculado. Lá no fundo, elas devem saber que a penetração sem ejaculação, embora não seja isenta de perigos, oferece menor chance de gravidez do que uma penetração em que o garoto ejacula dentro da vagina.
Elas apostam então na chance de que nada vai acontecer. Esquecem, porém, que, eventualmente, alguns espermatozóides podem estar presentes nos líquidos que saem do pênis antes mesmo da ejaculação. Além disso, quem garante que o garoto sempre vai conseguir controlar o orgasmo e a ejaculação? Na hora da emoção e do prazer, nem sempre é fácil segurar o rojão!
Além disso, nossas duas amigas, que seguem a mania de apostar no coito interrompido, nem se preocupam com o fato de que uma DST pode passar de uma pessoa para a outra em uma transa sem proteção, mesmo que o garoto nunca ejacule dentro da vagina. A troca de secreções e o contato direto da mucosa (revestimento) do pênis com a mucosa da vagina propiciam todas as condições para que um vírus ou uma bactéria possam passar de uma pessoa para a outra. Por isso é importante a camisinha!
Em tempos de divulgação de novos dados de Aids pela ONU, em razão do Congresso Mundial de Aids, que aconteceu na última semana, na Tailândia, a gente percebe que, além da informação, só uma mudança mais ampla e consciente de atitude pode reverter a tendência que aponta que os jovens respondem hoje pela metade dos novos casos da doença no mundo.
Essa mudança de atitude (se proteger) também iria diminuir os índices alarmantes de casos de gravidez na adolescência no Brasil. Que tal botar a cabeça no lugar, a pílula na boca e a camisinha no pênis?


Jairo Bouer,38, é médico.
@ - jbouer@uol.com.br



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