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SEXO & SAÚDE
"Eu e meu namorado já transamos sem camisinha,
mas nunca fomos até o fim (ele não gozou). Eu
ainda não tomo pílula. Preciso me preocupar com
o que fiz?"
"Tenho 21 anos e, há três semanas, saí com um
amigo. Estávamos no carro, e eu sentei no colo
dele. Ele me penetrou duas vezes e tirou o pênis,
sem camisinha. Não houve ejaculação. Existe risco
de eu engravidar desse jeito?"
Meninas transam sem proteção
JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA
Mais perguntas que mostram que o pessoal
anda vacilando na prevenção à gravidez indesejada e às doenças transmitidas pelo sexo (DSTs).
As duas garotas que escreveram sabem
que tiveram uma atitude que implicou risco. A primeira diz
que ainda não toma pílula, e a outra diz que fizeram tudo
sem camisinha. De novo, as duas moças sabem que atravessaram uma barreira que pode trazer dor de cabeça.
O que se passou na cabeça das moças na hora H? Vamos
trabalhar com a hipótese do risco calculado. Lá no fundo,
elas devem saber que a penetração sem ejaculação, embora
não seja isenta de perigos, oferece menor chance de gravidez do que uma penetração em que o garoto ejacula dentro
da vagina.
Elas apostam então na chance de que nada vai acontecer.
Esquecem, porém, que, eventualmente, alguns espermatozóides podem estar presentes nos líquidos que saem do pênis antes mesmo da ejaculação. Além disso, quem garante
que o garoto sempre vai conseguir controlar o orgasmo e a
ejaculação? Na hora da emoção e do prazer, nem sempre é
fácil segurar o rojão!
Além disso, nossas duas amigas, que seguem a mania de
apostar no coito interrompido, nem se preocupam com o
fato de que uma DST pode passar de uma pessoa para a outra em uma transa sem proteção, mesmo que o garoto nunca ejacule dentro da vagina. A troca de secreções e o contato
direto da mucosa (revestimento) do pênis com a mucosa da
vagina propiciam todas as condições para que um vírus ou
uma bactéria possam passar de uma pessoa para a outra.
Por isso é importante a camisinha!
Em tempos de divulgação de novos dados de Aids pela
ONU, em razão do Congresso Mundial de Aids, que aconteceu na última semana, na Tailândia, a gente percebe que,
além da informação, só uma mudança mais ampla e consciente de atitude pode reverter a tendência que aponta que
os jovens respondem
hoje pela metade dos
novos casos da doença no mundo.
Essa mudança de
atitude (se proteger)
também iria diminuir
os índices alarmantes
de casos de gravidez
na adolescência no
Brasil. Que tal botar a
cabeça no lugar, a pílula na boca e a camisinha no pênis?
Jairo Bouer,38, é médico.
@ - jbouer@uol.com.br
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