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ELES TECEM O FUTURO
Sexo seguro em Brasília
FÁTIMA GIGLIOTTI
da Reportagem Local
Pelas largas avenidas de Brasília
e cidades vizinhas, circulam quatro jovens quixotes decididos a
orientar outros jovens sobre sexualidade, prática do sexo seguro
e trabalhos sociais. Eles são integrantes do Grupo Atitude
(fundathos@fundathos.org.br).
"Nossa intenção é trabalhar
com protagonismo juvenil, ajudar o jovem a ser autor de ações
sociais relevantes", diz Edson de
Moraes, 19, fundador do grupo,
ao lado de Sérgio Nascimento, 21,
e dos irmãos André Luis, 16, e Renato Faria de Araújo, 15.
Uma carona foi suficiente para
esses jovens descobrirem interesses comuns e darem início a uma
cruzada para viabilizar suas intenções. A experiência de Sérgio
com a ONG Arco-Íris, que dá assistência a 120 portadores de HIV,
os inspirou a escolher o tipo de
trabalho: orientação sexual.
"Mesmo com tanta informação,
as pessoas continuam contraindo
o vírus da Aids, consumindo drogas, então a gente conversa sobre
prevenção de doenças, uso do
preservativo associado ao prazer,
como um momento especial na
hora da transa", diz Sérgio. "Falamos também de droga injetável,
violência, falta de comunicação
com a família", completa Edson.
Mas para chegar a isso, eles foram atrás de parcerias. Da Fundação Athos Bulcão, conseguiram
apoio estrutural, uma espécie de
sede do grupo. A Arco-Íris ofereceu uma Kombi e material didático para o grupo. No hospital universitário de Brasília, fizeram um
curso de capacitação com o pessoal do Projeto Convivência, que
trata de portadores do HIV.
Um acordo com a Secretaria de
Saúde do Distrito Federal deu ao
grupo garantia de cerca de 5.000
preservativos para serem distribuídos de graça a cada trabalho.
Eles começaram, em abril de 98,
indo a lugares públicos, como a
rodoviária e praças, levando cartazes com os órgãos genitais e seu
funcionamento e conversando
com as pessoas sobre sexo seguro.
"Fomos até denunciados por
atentado ao pudor, houve pessoas
que se sentiram agredidas", conta
Sérgio. Com a experiência, o grupo começou a oferecer o trabalho
para escolas e a participar de outros cursos de capacitação, como
de prevenção contra as drogas.
Hoje, são convidados por escolas, instituições e grupos de jovens
para dar oficinas. Elas acontecem
em quatro ou cinco salas em até
cinco encontros, duas vezes por
semana. "Há colégios que até bolam eventos, os alunos grafitam as
paredes com imagens sobre prevenção e sexo seguro", diz Sérgio.
Para o Atitude, o melhor mesmo é ver outros jovens, que passaram pelas oficinas, criar novos
grupos de trabalho. "Apesar de
ter de me dividir entre as obrigações do colégio, as reuniões de
trabalho e as oficinas, o trabalho
me deu crescimento pessoal, consistência social e uma visão mais
crítica do mundo", diz Renato.
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