São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 2002

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folhateen explica

Mais da metade dos habitantes vive em más condições

O abismo entre os padrões de vida que existem em São Paulo

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Engana-se quem pensa que a qualidade de vida em São Paulo pode ser parecida com a de metrópoles do Primeiro Mundo. Para 5,654 milhões de pessoas que vivem em São Paulo, mais da metade da população, a cidade não é motivo de orgulho. A conclusão é de um estudo feito pela Secretaria Municipal do Trabalho, que calculou o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos 96 distritos que compõem a cidade.
O IDH é um indicador usado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para medir a qualidade de vida em vários países. O índice, que varia de zero a um, resulta do cruzamento de três dados -renda, esperança de vida e escolaridade. O indicador é apresentado como um ranking.
Embora os índices mundiais não permitam uma comparação direta com os verificados na cidade, a pesquisa adotou, por analogia, os termos "europeu", "asiático", "indiano" e "africano" para denominar os padrões de IDH (alto, médio, baixo e muito baixo, respectivamente) que convivem em São Paulo.
Em apenas seis distritos da cidade -Moema, Morumbi, Jardim Paulista, Pinheiros, Itaim Bibi e Alto de Pinheiros-, onde vivem 3,46% da população, são registrados índices considerados altos, acima de 0,8.
Em 38 dos 96 distritos, que concentram 55,38% dos moradores da cidade, os indicadores ficam abaixo de 0,5.
A diferença de qualidade de vida nesses bairros fica mais clara na comparação dos dados usados para calcular o IDH. Enquanto um chefe de família em Moema tem uma renda média de mais de R$ 5.500, no Jardim Ângela ela não chega a R$ 570. Uma grande distância também separa a escolaridade média de quem vive nesses bairros. Enquanto um chefe de família de Moema estudou cerca de 14,8 anos, o do Jardim Ângela frequentou a escola por apenas 5,7 anos.
Se formos aos extremos que existem na cidade, o abismo é ainda mais assustador. Quem vive no Morumbi, por exemplo, detém a maior renda média da cidade, cerca de R$ 6.500. Para alcançar esse patamar, um morador do bairro Pedreira, cuja renda média não chega a R$ 450, levaria 946 anos.
De acordo com o secretário do Trabalho Marcio Pochmann, a Prefeitura de São Paulo realizou o levantamento com o objetivo de monitorar a eficácia dos programas sociais da administração municipal.


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