São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2011

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TÃO INOCENTE, TÃO RADICAL

GAROTO OBEDIENTE QUE SÓ ANDA COM A MÃE, PEDRINHO, 12, SURPREENDE AO PEGAR O SKATE

Karime Xavier/Folhapress
Pedro em pista de skate no Sumaré (zona oeste de SP)

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER

DE SÃO PAULO

Assim, de primeira, Pedrinho não mete muito medo, não. É garoto obediente, um dos menorzinhos da galera, com a mãe sempre por perto.
Já o Írya tira onda. Seus rolês no skate já lhe renderam 27 vitórias nos 29 campeonatos em que participou, como a categoria mirim do circuito Sampa Skate. Ele é o único skatista mirim brasileiro, aliás, a receber patrocínio de uma marca californiana de streetwear, a Lost.
Pedro está sempre andando de skate com moleques mais velhos, às vezes com mais de 20 anos. Os veteranos dizem que comparar é sacanagem. Com eles.
É assim com Pedro Írya, 12 anos, o carinha aí na foto ao lado que corta o céu que nem foguete com seu skate. Até vê-lo em ação, nem todo mundo acredita que Pedrinho, como a família e os colegas da 6ª série o chamam, pode se transformar em Írya, prodígio mirim das pistas de skate.
Quando treina à tarde, depois de bater um pratão de arroz integral e feijoada de soja (toda a família é vegetariana), a mãe vai junto. Lícia fica de olho para protegê-lo do que define como "lado dark" do esporte.
Segundo ela, a geração do filho representa novos tempos. No passado, a prancha rolante ficou com nome sujo na praça: muitos encaravam como sinal de gente à procura de encrenca.
"Uma fama ruim, de rebelde", diz a mãe.
Esse tipo de preconceito caiu de maduro. E Pedro é um exemplo do bom mocismo sobre rodas. Até seu nome é zen: Írya, em sânscrito, significa "tem poder, mas com amor".
Marca registrada sua é o sorriso que nunca tira do rosto, mesmo com o vento na cara durante uma das manobras radicais, quando seus 1,57 m giram feito ioiô no ar.
Tudo o que sobe, claro, tem de descer. "Levo muito tombo! Calça jeans, comigo, dura dois, três meses...", diz.

PROFISSA
Pedro quer seguir os passos de Bob Burnquist, o skatista brasileiro mais bem sucedido lá fora, e zarpar para os Estados Unidos. O garoto avalia que a tradição do esporte no Brasil ainda é fraca. "Na escola, a maioria das pessoas não liga muito para skate. Eles preferem futebol."
Ao que tudo indica, para chegar aos EUA, esse aspirante a Neymar das pistas já tem meio caminho rolado.


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